Sociedade

“A CERCI tem grandes desafios pela frente, sendo o mais relevante a sustentabilidade da própria instituição”

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Há um ano, assumia a presidência da CERCI. Em entrevista a ´O Regional´, Paulo Correia da Silva salienta que têm sido meses de grandes desafios e admite que gosta de ser “espicaçado”, pois considera que só dessa forma a instituição não se “acomoda”.

Jornal ‘O Regional’ - Numa altura em que completa um ano à frente do Conselho de Administração da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos com Incapacidade de S. João da Madeira (CERCI), que desafios encontrou pela frente?
Paulo Correia da Silva - Posso admitir que, até ao momento, este é o meu maior desafio cívico e institucional. Face aos desafios encontrados, desde sempre pedi para me espicaçarem, porque, sem isso, uma instituição acomoda-se a uma rotina diária. Desafios do passado, que prometemos honrar os compromissos desde a primeira hora, como a requalificação e ampliação das instalações, assim como, a construção do novo Lar Residencial. O maior desafio apontado no programa de ação foi “Projetar Igualdade”. Esta nova equipa dos órgãos sociais, à qual agradeço profundamente, pretende gerar felicidade e acredita que a felicidade só é verdadeira quando partilhada.

Quando chegou que CERCI encontrou?
Uma cooperativa com uma dimensão significativa, com virtudes e adversidades, que abracei com toda a responsabilidade e entrega. Até já tenho ouvido: Atenção, que existe mais para além da CERCI (risos).
Estou concentrado e focado por etapas, consolidando bem cada período e evitando saltar fases. Desde muito cedo aprendi, que, numa presidência seja ela qual for, nunca conseguiremos agradar a todos e, quando assumimos estes cargos, fazemo-lo para as coisas boas e más.

O que foi mais fácil e difícil ao longo destes meses?
O mais fácil foi obter o sorriso dos utentes, que me deixa feliz e o mais difícil foram as contrariedades com os procedimentos administrativos face aos investimentos efetuados e efetuar. As empreitadas com este tipo de envergadura (obras de requalificação e construção de novo Lar Residencial) são sempre complexas.

Quais foram as grandes alterações que implementou?
As alterações foram poucas e suaves, porque este período de tempo foi crucial para conhecer melhor e mais profundamente a cooperativa. Estamos a apostar muito em parcerias sólidas com entidades públicas e privadas, que são fundamentais para a sustentabilidade da instituição, a estimulação das disponibilidades financeiras da instituição através do mecenato social e da responsabilidade social das empresas. A promoção da participação nas atividades da comunidade de índole cultural, desportivo e ambiental tem sido pioneiro para selar o nosso compromisso “Projetar Igualdade”. A CERCI tem estado muito ativa, graças aos colaboradores, voluntários, famílias e parceiros incansáveis desta instituição que tem feito das tripas coração, para que tudo aconteça. Estamos a chegar a um patamar que merece uma clara aposta num processo de certificação de qualidade, permitindo a responsabilização interna e com todos os outros envolvidos externamente.

“Neste primeiro ano, demos os primeiros passos para uma maior abertura à comunidade”

Na tomada de posse deu conta que pretendia criar “um novo ciclo” e que pretendia “abrir” a instituição à cidade. De que forma cumpriu (ou está a cumprir) esta promessa eleitoral?
Neste primeiro ano, demos os primeiros passos para uma maior abertura à comunidade, integrando-nos em quase tudo a que nos desafiam. Estamos a analisar em termos financeiros, logísticos e de recursos humanos e temos capacidade para ir ainda mais longe. Temos que ter os pés bem assentes na Terra, até porque temos brevemente uma empreitada estratégica e de grande dimensão, mas de extrema importância para o concelho de S. João da Madeira.

O que mais o marcou durante este primeiro ano, enquanto presidente de uma instituição?
A comemoração do 43.º Aniversário da CERCI S. João da Madeira. Os utentes, familiares, colaboradores, voluntários, órgãos sociais, cooperadores e autarcas que nos honraram neste momento tão simbólico. Nesse dia, a Arte do Som voluntariamente dedicou o seu tempo nas pessoas do Diogo e Catarina Cruz, e os nossos queridos utentes pelas suas intervenções poéticas: Joaquina, Maria da Luz, Sandra Isabel e João Pedro. Inaugurar as quatro salas, devidamente requalificadas, homenageando os últimos quatro presidentes da CERCI de S. João da Madeira e, obviamente, extensível a todos os membros dos órgãos sociais que os acompanharam. Nesse dia, todos juntos como uma família, sorrindo e chorando de emoção, como um simples cidadão fiquei de coração cheio. Basta apenas isso: estar de coração cheio.

A festa de final do ano que se vai realizar nos próximos dias é a prova disso?
É a prova de que todos os dias somos uma família, e que não esquecemos que a pessoa com deficiência tem direito e o dever de desempenhar um papel ativo no desenvolvimento da sociedade e que não pode ser discriminada, direta ou indiretamente, por ação ou omissão, com base na deficiência, e que deve beneficiar de medidas de ação positiva, com o objetivo de garantir o exercício dos seus direitos e deveres.

De que forma a festa está a ser pensada e preparada?
Este ano a festa será reservada aos utentes, familiares, colaboradores, voluntários, órgãos sociais e cooperadores. Mas fica a promessa que, futuramente, preparemos um evento aberto à comunidade. Toda comunidade civil deve ter a oportunidade de conhecer a CERCI S. João da Madeira e fazer parte integrante desta cooperativa.

E quanto a cooperadores, a lista aumentou?
Estamos focados em aumentar o número de cooperadores. Em todos os momentos mais visíveis e públicos (internamente ou externamente), desafio constantemente todas e todos a tornarem-se cooperadores da CERCI. Defini uma meta muito ambiciosa para este mandato: lutarmos para atingir os 1000 cooperadores.
Até à tomada de posse dos atuais órgãos sociais a instituição contava com 378 e, atualmente, com 386 cooperadores, dos quais, nem todos estão ativos.
Um dos objetivos principais seria que os cidadãos, de forma espontânea, abraçassem a cooperativa e fizessem parte desta grande família, pois os cooperadores, para além de legitimarem estatutariamente a instituição, são, simultaneamente, financiadores da mesma. Deixo o repto, uma vez mais, tornem-se cooperadores da CERCI de S. João da Madeira.

Os trabalhos de reabilitação da CERCI, com um custo superior a 643 mil euros ficaram basicamente concluídos nos últimos dias. Foram remodelados e ampliados dois Centros de Atividades Ocupacionais/Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (uma vez que estão em fase de transição), permitindo aumentar a capacidade para mais 20 utentes. Era uma necessidade urgente?
Sim! Face à lista de espera existente na instituição e a necessidade de adequar as instalações às exigências legais da Segurança Social, para este tipo de equipamentos.
Para além destas exigências, era premente requalificar e aumentar uma estrutura, que remonta ao ano de 1979, criando condições de funcionamento e conforto, como resposta às necessidades presentes e futuras dos nossos utentes e colaboradores.

Poderá ter acesso à versão integral deste artigo na edição impressa n.º 3948, de 13 de julho ou no formato digital, subscrevendo a assinatura em https://oregional.pt/assinaturas/
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