“A capacitação serve para as reais situações do presente”

O Dia Municipal do Bombeiro, assinalado no passado sábado no quartel da corporação sanjoanense, ficou marcado pela tomada de posse do órgão consultivo e pela apresentação dos novos equipamentos de desencarceramento.

Há 12 anos a comemorar o Dia Municipal do Bombeiro, o comandante dos Bombeiros Voluntários de S. João da Madeira enfatizou a importância dos recursos humanos e da constante evolução do equipamento que é utilizado, todos os dias, no terreno. “Fala-se tanto da profissionalização dos bombeiros, mas, efetivamente, eles não têm uma carreira profissional. Consequentemente, isso é um fator desmotivador para aqueles que gostariam de seguir esta carreira como profissionais”, observou Normando Oliveira em entrevista ao jornal ‘O Regional’, apontando como fatores negativos a capacitação dos recursos humanos e a base remuneratória condigna para a missão de bombeiro. “Em relação ao voluntariado, estes homens e mulheres dão o seu tempo e o resto da sociedade vê-o como lazer. Tem que haver uma visão sobre esta condição que seja reconhecida e agraciada, não só pelo poder local, mas também pelo poder central”, considerou, exemplificando que 30 a 40% do seu corpo de bombeiros não residem em S. João da Madeira, o que significa que estes não usufruem da isenção do IMI municipal. “Isso cria uma situação não igualitária entre o corpo de bombeiros. Quando digo que o Estado central podia fazer algo, seria criar uma linha orientadora para todos os municípios para todos os bombeiros”, sugeriu.
A par da carreira e das condições de trabalho dos bombeiros voluntários, o comandante também realçou a importância da modernização dos equipamentos, que são essenciais para o exercício das funções destes profissionais. “Em relação a veículos, o equipamento mais novo que temos é de 2012; anteriormente, era de 2003. A capacitação – assim como mecanismos e equipamentos novos e modernos – serve para as reais situações do presente”, enfatizou Normando Oliveira. “Não podemos esperar que a capacitação dos bombeiros seja a mais adequada quando os equipamentos não acompanham a realidade”, concluiu.
Aquando dos discursos, o presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, Jorge Vultos Sequeira, agradeceu o trabalho da corporação e deixou a nota que, nos últimos anos, “mais do que duplicou” o apoio financeiro fornecido à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de S. João da Madeira. “Mais de cinco mil serviços só este ano; uma média de 20 serviços por dia, quer no combate a incêndios urbanos, industriais e florestais, quer a nível de serviços de saúde e apoio de atividades das escolas”, começou por dizer o autarca. “A relação entre o município e os bombeiros mudou radicalmente nos últimos anos; 105 mil euros em 2010 e, este ano, 200 mil euros. 41 mil euros foram para o material de encarceramento”, afirmou, referindo-se ao equipamento que foi objeto de exibição e demonstração no passado sábado.

Na perspetiva do comandante Normando Oliveira, esse investimento ajuda, mas não é o suficiente e explica o porquê. “Na perspetiva do socorro e pelas situações preocupantes do dia a dia, isso obriga-nos, constantemente, a investir e a inovar para ir ao encontro daquilo que pode ser uma necessidade no dia de amanhã”, declarou, consciente de que é “um trabalho sem fim”.
Declarando uma “total confiança” no trabalho da corporação sanjoanense, Jorge Vultos Sequeira anunciou que estão previstos 190 mil euros no próximo quadro comunitário de apoio para a Proteção Civil de S. João da Madeira. “O município vai apresentar candidaturas para essa verba e foi decidido escolher os termos em que a mesma será aplicada conjuntamente com o comando desta corporação”, informou, com a nota de que “os bombeiros de S. João da Madeira nunca faltaram a uma chamada e nunca fracassaram no socorro às nossas populações”.

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