É com patriotismo que celebramos a gloriosa data escrita a letras de ouro, na História de Portugal.
Camões é o maior cantor dos feitos que se registaram ao longo das páginas imortais da História da nossa Pátria.
Além da poesia lírica, em que também foi mestre, celebrizou-se com o seu poema épico “Os Lusíadas” onde perpassa a História de Portugal desde a fundação da nacionalidade até aos seus tempos “As armas e os barões assinalados cantarei…”
Não valorizamos o “mas” que alguns lhe apontam, trazendo à cotação os primeiros versos de Eneida de Virgílio: “Eneida de Virgílio….”
Isto só demonstra a cultura do grande poeta.
Poeta e guerreiro, foi nestas condições que, num combate perdeu um dos seus olhos.
Mas isso não o impediu de ver os feitos dos portugueses, ao longo da História Pátria desde a fundação da nacionalidade até aos seus dias.
Poeta grande de Portugal e do Mundo, Camões bem merecia melhor atenção da cultura.
Alguém já chamou a “Os Lusíadas” a Bíblia da Pátria.
Pena ser tão desconhecida, como a própria Bíblia.
Que a memória de Camões não pereça, mas, antes, seja fundamento para a esperança que deve enformar a alma dos Portugueses.
Antologia
1.ª Estrofe do Canto I de “Os Lusíadas”
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando:
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
***
Amor
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?