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Arrifana: “É uma feira excecional!”

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A Feira Mensal de Arrifana, popularmente conhecida como Feira dos Quatro por ocorrer ao dia quatro de cada mês, é cheia de história e tradição. É uma das feiras mais antigas e, apesar de ter mudado ao longo dos anos, é paragem obrigatória para quem quer comprar o que quer que seja ou para, simplesmente, trocar meia dúzia de palavras com os comerciantes.
Jorge Alves é comerciante na Feira dos Quatro há 45 anos e assume, sem sombra de dúvidas, que a Feira dos Quatro é a sua “favorita” de entre todas as feiras em que participa. “É uma feira excecional! Se for ao sábado, ainda melhor, dada a grande adesão das pessoas. Esta feira é um espetáculo”, voltou a reforçar, em declarações ao jornal “O Regional”. Na sua perspetiva, a Feira dos Quatro é popular não só pela variedade de produtos, mas pelo “povo em si”. “A base número um é a confiança; servir bem para o cliente voltar. O espírito da Feira dos Quatro é mesmo esse”, afirmou Jorge Alves.
Feirante há 35 anos, Matilde Manuela corrobora a opinião do comerciante. “Fazemos muitas feiras, mas a que mais gostamos é esta”, confirmou, em entrevista ao “O Regional”. Com a premissa assente no agrado ao cliente, Matilde Manuela considerou que os clientes são “bem servidos”. “Os clientes antigos são como família. Servimos o cliente muito bem; as pessoas têm que mexer no produto para ver se gostam. Damos esse à vontade”, contou a feirante.

Comerciantes Jorge Alves e Matilde Manuela consideram a Feira dos Quatro a sua feira “favorita”

Os clientes, ou quem simplesmente visita a Feira dos Quatro todos os meses, são o espelho de como este evento foi evoluindo ao longo dos anos. Segundo os comerciantes, é mais procurada por pessoas de meia idade e pelos idosos. “Com a atual conjetura, nenhuma feira é a mesma, mas os nossos clientes acompanham-nos há muitos anos. Julgo que o atendimento personalizado faz a diferença; o facto de ser a mesma cara para vender e trocar o produto”, observou Jorge Alves. “Esta feira vale a pena e espero que a tradição se mantenha”, acrescentou, com Matilde Manuela a enfatizar em simultâneo: “Há pessoas que dizem que as feiras vão acabar, mas não partilho dessa opinião; é a tradição. As pessoas gostam de vir!”

Das compras até ao convívio: assim é a Feira dos Quatro

A lista de produtos presentes na Feira dos Quatro é extensa – artigos de produção nacional, sapatos, tapetes, roupas, sementes, roupa interior, entre muitos outros –, mas, ao final do dia, o que distingue esta feira das outras é o ambiente descontraído e familiar que a caracteriza.
Continuando o negócio da família e comerciante há mais de 50 anos, Camilo Silva é feirante desde que iniciou a sua vida profissional. Bem-disposto, está sempre disponível para ajudar e cumprimenta toda a gente. Avelino Familiar foi uma dessas pessoas. “De vez em quando, venho cá. Às vezes, compro algumas coisas. Com 80 anos, é quase uma tradição vir cá”, admitiu o octogenário, em declarações ao “O Regional”. “Há muitos anos, a feira era muito diferente. Tenho boas memórias dessa altura”, partilhou.
Camilo Silva concorda. Os tempos eram muito diferentes. Existia mais movimento, mais horas passadas a trabalhar; nem dava pelo tempo passar, de tão ocupado que estava. “O povo gosta de vir à feira. Nesse aspeto, a tradição mantém-se. Não sei se é pelos preços, mas o povo gosta de ver e escolher”, supôs o comerciante. “As pessoas gostam de conviver e nós gostamos de as tratar bem. Toda a gente sai a ganhar”, disse, com um sorriso. Com muitas histórias para contar, Camilo Silva referiu que, como em tudo na vida, “há coisas boas e coisas menos boas”. “O povo também tem a tradição de vir à Feira dos Quatro por ser mensal. Procuram não só vestuário e calçado, mas também alimentos. Os lavradores gostam de vender os seus produtos na feira e o povo vem atrás do produto do lavrador”, simplificou, dando mostra das valências da Feira dos Quatro.

Feirantes Camilo Silva e Fátima Ferreira são atenciosos com os clientes que visitam a Feira dos Quatro. Mal chegou ao recinto, Avelino Familiar (de costas, na fotografia) foi cumprimentado imediatamente

A qualidade é a imagem de marca dos produtos da Feira dos Quatro e que o diga Fátima Ferreira, feirante há mais de 20 anos. “As pessoas sempre gostaram de vir à feira. Encontram produtos mais baratos e de qualidade. Além disso, estão mais à vontade a ver as coisas e a falar connosco”, realçou Fátima Ferreira ao “O Regional”, admitindo que, apesar disso, a feira diminuiu de tamanho ao longo dos anos. “Espero que a feira nunca acabe. Ainda há imensos comerciantes e as pessoas gostam mesmo disso; é terem muitos produtos à escolha, com diversas bancas à disposição”, descreveu.
Principalmente no verão, são muitas as pessoas que espreitam a Feira dos Quatro, convidadas subtilmente pelo bom tempo e pela boa disposição dos comerciantes. “As pessoas gostam de dar uma voltinha. A Feira dos Quatro tem-se mostrado razoável em termos de negócio; vejo outras que vão acabar mais depressa do que esta”, opinou Fátima Ferreira, entre risos. “Claro que as feiras nunca acabam. Podem ficar mais pequenas, mas há características que nos distinguem. No meu caso, eu até calço os sapatos ao cliente para ajudá-lo. Se for uma pessoa de mais idade, pegamos num banquinho para ficar mais confortável”, exemplificou.

Artur Sousa (à esquerda, na fotografia) considerou que a maioria das pessoas dá primazia à Feira dos Quatro em detrimento de outras feiras semelhantes

O cliente vai e volta e a tradição vai-se mantendo, assim como as ligações entre as pessoas. Há de tudo um pouco e para todos os gostos. Quase a fazer 37 anos enquanto comerciante, Artur Sousa enfatizou o facto de os clientes tanto virem comprar sapatos como bijuteria, entre muitos outros artigos. “É claro que não é como antigamente, mas há sempre clientes que nos procuram. A feira é a minha vida e entristece-me perceber que o movimento já não é igual”, desabafou ao “O Regional”.
No entanto, é com um sorriso no rosto que afirmou que há clientes que se dirigem diretamente a si sempre que visitam a feira. “Sei do que precisam e encaminho-os para quem direito”, explicou. “Há um pouco de tudo na Feira dos Quatro. É engraçado, mas tenho fregueses que, quando a Feira dos Quatro calha num dia de outra feira, optam por esta, sem hesitar”, contou, divertido. É assim a Feira dos Quatro – aprazível, com bom ambiente e repleta de produtos diversificados.

Obras podem estar concluídas até final de maio

Alguns dos comerciantes referiram-se aos incómodos causados pelas obras do Largo Manuel José Pereira, mostrando-se ansiosos para que terminassem. Em declarações ao jornal “O Regional”, o presidente da Junta de Freguesia de Arrifana, Ricardo Oliveira, afirmou que as obras estão a decorrer conforme o previsto, “mesmo com algumas vicissitudes que surgiram no decurso das mesmas”. “Estamos convencidos que até final de maio teremos a obra concluída, respeitando o prazo acordado”, considerou o autarca, acrescentando: “A população e os comerciantes têm sido bastante compreensivos; sabem que estamos a criar valor para a vila. Eles também sabem que quaisquer dificuldades podem contar comigo para intermediar junto da empresa ou do dono da obra [Câmara Municipal de Santa Maria da Feira].”
O Largo Manuel José Pereira não é a única rua a precisar de requalificação. Ricardo Oliveira garantiu que já identificaram arruamentos que merecem, urgentemente, repavimentação. Enalteceu, também, que a população sabe que “este tipo de obras não é da competência da junta, mas sim da câmara”. “Compete-nos efetuar pressão nos decisores municipais para as situações mais prementes e é isso que temos feito”, declarou, referindo que foram elencadas várias ruas para intervenção. As mesmas aguardam abertura de concurso.

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