São rostos da democracia a quem o povo confiou a condução do desenvolvimento de S. João da Madeira, que, nesta reportagem, recordam como exerceram essa representação do povo que confiou nos seus projetos políticos.
O 25 de abril de 1974 deu ao povo a responsabilidade de escolher representantes. Desde então, em S. João da Madeira realizaram-se, nestes 45 anos, 15 eleições autárquicas, duas das quais intercalares. O povo sanjoanense elegeu, nessas eleições e até então, seis governantes do município. São rostos da democracia a quem o povo confiou a condução do desenvolvimento de S. João da Madeira, que, nesta reportagem, recordam como exerceram essa representação do povo que confiou nos seus projetos políticos.
Recordam os seus mandatos e aquilo que fizeram pela cidade e contribui para o seu desenvolvimento social e económico, mas também as políticas que criaram e resultaram em mais igualdade na (desde 1985) cidade do trabalho.
O primeiro Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira eleito na III República foi Benjamim Valente (já falecido). Seguiu-se José da Silva Pinho, o Presidente da Câmara que melhores resultados teve e um dos que menos tempo ficou no cargo, sendo atualmente o ex autarca vivo que exerceu o cargo mais perto de abril de 1974.
“As obras realizadas foram marcantes”
A ‘O Regional’ refere que as alterações foram “muitas”, desde logo em obras que se realizaram e que “estão à vista de todos”.
Recordando que fez parte “da primeira comissão administrativa, com Benjamim Valente”,
Indica ainda que houve uma “vantagem” para S. João da Madeira, já que “não houve um corte com o que estava a ser realizado pela Câmara anterior ao 25 de abril, houve seguimento”.
“Julgo que um corte, como houve noutras terras, não era positivo, no que era vantajoso dar seguimento foi o que fizemos”, sustenta.
A democracia tornou também “mais fácil” a implementação de políticas autárquicas, já que “as câmaras têm mais recursos financeiros e mais autonomia”.
“Antes do 25 de abril, as Câmaras dependiam totalmente do Governo e, sobretudo, dos Governos Civis, que orientavam todos os trabalhos, indicavam presidentes de Câmara, era muito diferente”, recorda José da Silva Pinho.
“Passou a haver eleições, o povo passou a ordenar”, vinca, lembrando políticas do seu mandato, como “lançamento transportes municipais, construção central camionagem, zona desportiva, construção do Fórum Municipal, Academia de Música...”.
“Não querendo ser juíz em causa próprio, julgo poder dizer que as obras realizadas foram marcantes para o futuro da cidade. Posso dizer que foi um mandato positivo”, considera, destacando dele a “gestão correta, como demonstra uma inspeção feita à Câmara, que a considerou exemplar”, a construção de “mais de 600 habitações sociais” e uma “associação de proprietários de terrenos na zona industrial, uma sociedade feita com a Câmara”.
A liderar o município, seguiu-se o Presidente que mais tempo esteve no poder (antes da lei da limitação de mandatos). Manuel Cambra (falecido) esteve quase 17 anos no poder.
“Fizemos um contrato com os sanjoanenses”
Em 2001, assumiu a liderança da Câmara Manuel Castro Almeida, tendo sido nesse ano eleita a primeira mulher vereadora (Fátima Roldão) no Município, numa altura em que ainda não existia a lei da paridade.
Para o ex presidente, houve um “contrato com os sanjoanenses para construir uma cidade competitiva, como forma de criar riqueza e melhorar salários, e uma cidade solidária, capaz de promover a igualdade de oportunidades e cuidar dos que não têm autonomia para tratar do seu próprio sustento”.
Nesse sentido, remete ainda para a construção da Sanjotec, compra e recuperação da Oliva, ampliação da Zona Industrial das Travessas, instalação da Loja do Cidadão e criação do roteiro do Turismo Industrial.
“A cidade solidária teve variadas manifestações: a qualificação de centenas de habitações sociais, a eliminação de acampamentos de pessoas de etnia cigana e consequente construção de habitações condigas para estas pessoas, à instalação de espaços de convívio e lazer nos bairros mais densos”, enumera, completando com a criação do programa de apoio à compra de medicamentos para sanjoanenses idosos e carenciados: “uma das ideias mais felizes e inovadora”.
Castro Almeida considera a escola o espaço “privilegiado” da igualdade de oportunidades, outro pilar da democracia. Foi nesse sentido, que no seu mandato surgiu a introdução do ensino do mandarim, e uma aposta na “beneficiação profunda das escolas do primeiro ciclo e na construção de raiz de alguns jardins de infância”, bem como uma nova Escola João da Silva Correia.
“Uma marca constante dos mandatos em que servi como Presidente da Câmara foi a preocupação de preservar tanto quanto possível os edifícios de uso público mais antigos da cidade”, frisa ainda, reconhecendo nos vereadores que consigo trabalharam uma “ação decisiva para os resultados alcançados”.
“Todas as promessas foram realizadas”
Ricardo Figueiredo assumiu, seguidamente, os desígnios de S. João da Madeira, acreditando que “os sanjoanenses elegem pessoas, não elegem partidos”.
O ex presidente refere ainda o investimento na cultura e na educação, como “instrumentos para melhorar qualidade vida das pessoas a longo prazo”.
“Algo que normalmente as pessoas não dão assim tanta importância, mas para mim era importante, é que, por diversas vezes, ao longo do mandato baixamos os impostos”, indica Ricardo Figueiredo que diz ter cumprido o programa a que se propôs a eleições, exceto a construção das novas piscinas, por força do bloqueio da oposição socialista. “E tive o apoio dos sanjoanenses. Todas as promessas eleitorais foram realizadas e isso deixa-me satisfeito, mas, não teria conseguido sem a equipa que tive o privilégio de ter e apoio dos sanjoanenses”, diz sobre quem o elegeu.
Candidatou-se para dedicar quatro anos da sua vida aos sanjoanenses “e não mais que isso”, pois “nunca” teve “uma ambição política”. “Tive o desejo de servir os sanjoanenses e a eles dediquei quatro anos da minha vida”, conclui o empresário sanjoanense.
“Estarei sempre ao serviço dos sanjoanenses”
Eleito em 2017 e em 2021, Jorge Vultos Sequeira acredita que “a avaliação que conta é feita pelos eleitores, eles são os destinatários das políticas e os titulares do poder soberano de escolha e de decisão”. Mas diz-se “confortável” com a avaliação que fizeram das suas candidaturas.
O autarca assume que gostava de deixar uma marca na ação social e na saúde. “Acho que, neste capítulo, as transformações são muito evidentes, quer no apoio às famílias vulneráveis, apoio das politicas de saúde, e na habitação”, aponta.
Jorge Vultos Sequeira remete ainda para “novos programas” introduzidos na cidade, como a cadeira do dentista, o programa de vacinação e o 1º Direito.
Se é verdade que as vontades se mudam com os tempos, também as prioridades se podem alterar e novas prioridades surgem constantemente. Nas décadas de 70 e 80, os autarcas não tinham a preocupação transversal que hoje existe no campo das alterações climáticas.
Nesse sentido, o atual presidente sublinha que “gostaria de deixar uma marca na transição energética e na sustentabilidade da cidade” e remete para o plano de transição energética.
Por outro lado, acredita estar a deixar uma “marca significativa nas politicas culturais da cidade”.
“Estarei sempre ao serviço dos sanjoanenses, quer seja Presidente da Câmara quer não seja”, diz, questionado pelo nosso jornal sobre se sente motivado a continuar no exercício de funções até atingir a limitação de mandatos. “Não preciso estar no exercício de funções para poder dar em qualquer circunstância para poder dar o meu trabalho aos sanjoanenses”, acrescenta.
Sobre o 25 de abril de 2022, Jorge Vultos Sequeira, salienta que este “é marcado por um clima internacional de guerra, em que todos assistimos a uma experiência de avanço do fascismo e de uma ditadura em torno de uma guerra criminosa”. Nesse sentido, “é um ano em que o valor e a importância das palavras liberdade e democracia ecoa de forma mais impressiva na nossa mente”.