Sara F. Costa apresenta-se pelo BE à Câmara Municipal. A candidata considera “insuficiente” o mandato do atual Executivo e aponta o dedo, em particular, à política de habitação, assumindo o “combate à especulação imobiliária” como bandeira política.
Como avalia o mandato autárquico de 2017-2021?
Avalio como insuficiente. Mantêm-se problemas que precisam de uma solução urgente como a habitação, a mobilidade suave ou o bem-estar animal.
Que razões e objetivos principais fundamentam a sua candidatura?
A minha candidatura surge num contexto de necessidade de melhorar o bem-estar dos sanjoanenses. O Bloco propõe um concelho mais vivo, justo e inclusivo: onde possamos habitar sem sermos vítimas de especulação imobiliária; com uma maior consciência ambiental, onde autocarros, comboios, ciclovia e bicicletas partilhadas sejam uma opção para o dia a dia dos sanjoanenses; amigo dos animais: com políticas de apoio à esterilização e à adoção, e medidas para apoiar os agregados que cuidam dos seus animais.
A revisão do PDM está em curso, há uma requalificação do centro da cidade em fase de conclusão e uma intervenção programada para as Corgas. Como se posiciona em relação a estas medidas e que estratégia propõe para o ordenamento do território?
Relativamente à requalificação do centro da cidade, questiono-me sobre o seu propósito e chego à conclusão que, o essencial, é atrair pessoas ao centro da cidade promovendo o comércio local. Essa promoção só pode ser feita atraindo pessoas para este espaço. Por mais obras que se façam a questão é, que tipo de soluções estamos a dar aos comerciantes? É importante, por exemplo, estimular a mobilidade suave para que as pessoas possam aceder à praça de bicicleta. É importante que existam espaços verdes e é importante facilitar a implementação de novo comércio diferenciado e com isto remetemos para o problema das rendas elevadas. A criação de uma bolsa de arrendamento a custos controlados, para comerciantes em início de projeto, seria provavelmente mais impactante do que renovar a aparência do espaço.
Quanto ao Plano de Pormenor das Corgas, o BE foi muito claro desde o momento em que o projeto foi apresentado em Assembleia Municipal em 2012. Achamos que é uma construção que carece de justificação, enquadramento económico e social. Trata-se de um projeto que abafa a Oliva e coloniza este espaço, não se justificando nem esteticamente, nem economicamente. Dizem-nos que este projeto criará uma nova centralidade. Parte-se para a construção de uma nova cidade, esquecendo quem nela já vive. Não se promovem políticas de reabilitação urbana quando há tantos edifícios devolutos. Se a habitação que existe não tem qualidade, não chega construir habitação de luxo. A habitação com qualidade tem de ser para todos. Começaram por anunciar um Parque mas, para nós, os espaços verdes não têm arvoredo de betão. O que foi apresentado foi um investimento imobiliário da Corgimobil na ordem dos 4,5 milhões de euros, adornado por um belo jardim de 1,3 milhões de euros oferecido pela câmara. O PS está a ressuscitar um projeto do PSD. Unem-se em torno de um erro.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3853 de O Regional, publicada em 22 de julho de 2021.