O início do prazo de concessão da exploração do Palacete dos Condes estava previsto a partir da assinatura do contrato, sendo que a mesma ocorreu no momento da pandemia provocada pela Covid-19, altura em que muitas decisões de negócio foram adiadas por constrangimentos motivados pelo surto pandémico. O contrato foi assinado em outubro de 2020, mas a situação pandémica terminou apenas em maio de 2023. “Por seu turno, também o município só entregou o imóvel em 19 de junho de 2023. A proposta que vem da Câmara é no sentido de que o prazo de início de concessão se conte a partir da data de entrega do imóvel”, contextualizou o presidente da Câmara Municipal, Jorge Vultos Sequeira, considerando que essa alteração “é de inteira justiça”.
A bancada do PS quis recordar o início do processo de requalificação do Palacete dos Condes, uma vez que considerou “importante” fazer esse balanço. “A recuperação do património histórico do Palacete é muito relevante para a preservação da nossa memória histórica. No início deste processo, talvez há seis, sete anos, cheguei a dizer nesta Assembleia que era uma pena que a minha geração e as seguintes não conhecessem o Palacete dos Condes com a dignidade que este património histórico da nossa cidade merecia”, admitiu Leonardo Martins, destacando que esse cenário está em mudança atualmente e que um hotel daquela dimensão, a ocupar um edifício histórico no centro da cidade, “vai ter uma repercussão económica brutal” na economia e comércio local, assim como na criação de postos de trabalho. “É um investimento privado, mas que surge de uma iniciativa da Câmara Municipal que reverteu, e bem, uma decisão que tinha sido assumida de entregar aquele imóvel à gestão de uma associação que era um presente envenenado [pelas obras necessárias de requalificação]”, considerou o líder da bancada socialista, recordando que o Palacete foi um dos primeiros 20 imóveis em todo o país a ser concessionado. “[a requalificação do Palacete] Se tem um nome e um obreiro, esse nome é Jorge Sequeira e isso tem de ficar na história da nossa cidade e deve ser reafirmado sem nenhum tipo de entrave”, concluiu.
O deputado Alcino Pinho, da coligação ‘A melhor cidade do país’, admitiu que a sua intervenção não estava prevista dado que aquele ponto da ordem de trabalhos era “pacífico”, mas isso mudou perante a intervenção do PS. “Por nós, não há problema nenhum com as datas; agora, o que não podemos é estar num comício político, até porque se formos falar de investimento, este é privado”, declarou o deputado, considerando que o emprego que vai atrair “é de longe aquilo” que o deputado Leonardo Martins descreveu na sua intervenção. “Comparado com a Lufthansa que vem aqui para o lado: isso sim é um investimento de grande categoria; podíamos ter coisas do género”, exemplificou Alcino Pinho. “O que se passou aqui é que é lamentável; utilizar uma situação de uma data para fazer um comício político em que o presidente fica marcado para este investimento”, lamentou, acrescentando: “É verdade que fica, mas é preciso esclarecer que isto é apenas um hotel. Não é um investimento que vai mudar estruturalmente a cidade.”
Em complemento à bancada do PS, Jorge Vultos Sequeira salientou que o hotel é municipal. “Evidentemente que nós não podemos comparar o que é incomparável. Temos um problema de dimensão territorial e há investimentos de larga escala para os quais S. João da Madeira não tem condições territoriais para captar”, afirmou o edil, apelando para um equilíbrio nas comparações efetuadas pela oposição e reforçando a satisfação do executivo perante um edifício que “estava sem solução” há cerca de 30 anos. “Conseguimos também, em cooperação com as associações envolvidas, encontrar uma sede para a Universidade Sénior muito digna”, acrescentou o autarca, referindo que o processo, apesar de “complexo”, “resolveu vários problemas em simultâneo”.