A gestão do Hospital de S. João da Madeira pela Santa Casa da Misericórdia continua a preocupar a população em geral devido à inexistência de informação sobre o assunto.
A gestão do Hospital de S. João da Madeira pela Santa Casa da Misericórdia continua a preocupar a população em geral devido à inexistência de informação sobre o assunto. Uma das munícipes presentes na Assembleia Municipal, Norlinda Lima, mencionou que tem lido notícias sobre o tema no jornal ‘O Regional’ e pediu ao edil para “insistir” junto do governo sobre a situação do hospital.
“Peço à Câmara Municipal que continue a usar os privilégios que tem para esta cidade; qual a vantagem ou vantagens que temos e dar conhecimento à população. Os sanjoanenses não sabem o que lhes vai acontecer no futuro”, apelou Norlinda Lima. A Câmara Municipal de S. João da Madeira já tinha pedido uma audiência à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, em dezembro de 2024, voltando a solicitá-la em janeiro deste ano. “Não tivemos resposta. Gostaríamos, de imediato, de ter mais informação sobre esse assunto que é de grande importância para S. João da Madeira”, corroborou o edil, Jorge Vultos Sequeira.
Já no período de antes da ordem do dia, o Bloco de Esquerda (BE) trouxe uma recomendação para que a Câmara Municipal manifestasse publicamente e ao governo a sua oposição à intenção de entregar o Hospital de S. João da Madeira à gestão da Misericórdia, assim como a qualquer medida que retire ou diminua serviços, valências ou atividade ao hospital. “Já na última Assembleia Municipal, o Bloco trouxe este assunto com a esperança de que a Assembleia se levantasse em defesa da população e do direito à saúde, mas nem PS nem PSD o fizeram”, lamentou Eva Braga, referindo que há algumas informações novas. “Sabe-se que, no início de março, serão deslocalizadas as cirurgias de otorrino para o Hospital de Ovar e que serão feitos menos tempos cirúrgicos de oftalmologia no nosso hospital”, enfatizou, realçando que há equipamentos que estão a ser retirados e outros que “era suposto” serem instalados, mas que já não serão colocados no hospital da cidade. “Isto é tudo intolerável e, em nome de sabe-se lá o quê, o governo está disposto a sacrificar o hospital de S. João da Madeira”, acusou. A recomendação do BE para ser integrada na ordem de trabalhos foi rejeitada por maioria, com os votos contra da bancada do PS e da coligação ‘A melhor cidade do país’.
“Discutimos um investimento de 2.4 milhões de euros por parte da Câmara e isso traz responsabilidade” A proposta da Câmara Municipal para a abertura do procedimento do serviço de transporte público de passageiros com abertura à concorrência foi aprovada por maioria em Assembleia Municipal, com os votos a favor do PS e da CDU e com a abstenção da coligação ‘A melhor cidade do país’ e do BE. Após análise ao documento, a deputada do BE, Eva Braga, salientou alguns pontos positivos, como a transição para veículos elétricos e a gratuitidade do serviço, mas também realçou a necessidade de “autocarros mais pequenos, com mais frequência e mais linhas”. “Este seria o momento adequado para alargar, em termos de qualidade, este serviço, mas a Câmara Municipal optou por não o fazer”, concluiu. Também o deputado Gonçalo Fernandes reiterou a posição já assumida da coligação em reunião de Câmara. “Discutimos um investimento de 2.4 milhões de euros por parte da Câmara e isso traz responsabilidade, deve trazer rigor e devia trazer também fundamentação”, recordou. “Não nos sentimos confortáveis a tomar decisões com base em dados objetivamente desatualizados”, justificou
“É uma tremenda falta de consideração e de respeito”
Mediante a forma como a ministra da Saúde tem conduzido o processo de transferência da gestão do Hospital de S. João da Madeira e pelo “reiterado desrespeito” para com os órgãos autárquicos eleitos, pelos trabalhadores e pelos sanjoanenses, o grupo municipal do PS apresentou um voto de protesto. “Independentemente do que cada partido defende que deva ser o futuro ou o modelo de gestão do hospital, há uma coisa que a todos nos une e nos uniu nessa moção [do PS, apresentada em dezembro em Assembleia Municipal]: a defesa do Hospital de S. João da Madeira, de um SNS [Serviço Nacional de Saúde] gratuito e universal e do nosso hospital inserido nesse mesmo SNS”, considerou o deputado Leonardo Martins. “É uma tremenda falta de consideração e de respeito para com os sanjoanenses e para com os seus órgãos eleitos”, apontou.
O voto de protesto foi aprovado com os votos a favor do PS, da CDU e do BE e os votos contra da coligação PSD/CDS-PP. O deputado da coligação Gonçalo Fernandes relembrou a moção “sensata” de dezembro e recordou que, nesse mesmo dia, foi chumbada uma recomendação do BE que, na sua perspetiva, “era uma afronta à Santa Casa da Misericórdia”. “Aprovamos essa moção há dois meses. Se é para fazer política com o hospital, temos que fazer política com o SNS e dizer que o SNS tem problemas de gestão muito mais prioritários do que o futuro do Hospital de S. João da Madeira”, observou. “Sinceramente, creio que este voto [de protesto] é precipitado”, afirmou, acrescentando: “É, de certa forma, exagerado e demonstra uma coisa perigosa: o PS, em dezembro, mostrou que confiava na Misericórdia. Neste momento, parece que não confia; parece que aquilo que o PS quer fazer não é protestar contra o governo, mas sim contra a Misericórdia.” O socialista Leonardo Martins interveio de seguida para protestar. “É uma posição solidária relativamente a um governo que é de uma coligação, precisamente pelos partidos da coligação ‘A melhor cidade do país’”, considerou. “Se o PS quisesse apresentar um voto de protesto relativamente à Santa Casa da Misericórdia, tê-lo-ia feito; o que queremos fazer é protestar contra um governo que está a desconsiderar o poder autárquico”, esclareceu.
BE sugeriu propostas para o Plano de Desenvolvimento Social do concelho O Plano de Desenvolvimento Social 2024-2028, um programa com múltiplas intervenções ao nível de caráter físico e imaterial, foi aprovado por unanimidade em Assembleia Municipal. O documento engloba várias políticas, desde o domínio da saúde até à educação, formação e qualificação profissional, passando pelo domínio da população ativa e também da vulnerável. O BE fez uma análise abrangente a três áreas específicas, nomeadamente habitação, trabalho e saúde mental. “Não nos opondo às propostas deste plano, verificamos que o âmbito do plano é reduzido para o que são as necessidades do concelho”, declarou a deputada Eva Braga, realçando a crise de habitação e o desemprego. A bloquista sugeriu, ainda, três propostas, apelando para que não se ignore “a dramática situação da habitação” e das consequências sociais que daí advêm, a promoção de respostas “inovadoras” para “aumentar o emprego, a distribuição de riqueza e o tempo para viver” e, por último, a envolvência da Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental no território em relação às medidas nesse âmbito. O edil assegurou que há “margem” para que o executivo camarário possa executar outras propostas além das mencionadas no documento. “O BE pode acompanhar a execução do plano e propor, a todo o tempo, [outras] medidas. O plano não é um documento dogmático nem exaustivo”, garantiu Jorge Vultos Sequeira.