O Boletim Municipal, entregue na casa dos sanjoanenses, gerou um debate político com opiniões divergentes na reunião de Câmara passada.
No período destinado à intervenção do público, uma munícipe referiu que ficou “perplexa” com a “grossura” do Boletim Municipal. “Pressuponho que neste boletim esteja informação dos sete anos de mandato e, como se aproximam eleições autárquicas, seja uma forma de propaganda”, comentou Ana Couto. “Na parte da beneficiação e construção de passeios, verifiquei 23 ruas intervencionadas. Seriam à volta de três ruas por ano nestes longos sete anos”, observou, acrescentando que essas intervenções não correspondem às “expectativas” de mobilidade da cidade, quer pedonal, quer automobilística.
Para o presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, o objetivo passa por divulgar e informar os munícipes. “Há muita informação que não está lá, mas o objetivo é dizer apenas o que o município fez. É uma prática de transparência”, declarou Jorge Vultos Sequeira.
Para a oposição, seria “normal” que os boletins municipais fossem um complemento ao boletim anterior, publicado em fevereiro de 2023. “Este tem uma resenha do que foram os mandatos do presidente desde 2018 até agora. Só por aí percebemos que estamos numa fase que já podemos considerar de pré-campanha eleitoral”, afirmou o vereador Tiago Correia. “Entendemos que a Câmara, ao produzir um documento destes com o espectro do mandato, é campanha eleitoral; e a fazer campanha eleitoral com o dinheiro dos sanjoanenses”, apontou, realçando que é por esse motivo que consideram o documento “censurável”.
O vereador acrescentou que, além das obras e medidas tomadas, o boletim expõe um conjunto de projetos para o futuro, como se fosse um “manifesto eleitoral”. “Estão lá 13 projetos para o futuro. Não é correto [da parte da Câmara] terem feito isso”, enfatizou, concluindo: “Não somos contra os boletins municipais, mas achamos que o executivo passou os limites do razoável ao colocar estes projetos, que nem sequer têm horizonte temporal de estarem prontos, no Boletim Municipal.”
Em resposta às insinuações da coligação ‘A melhor cidade do país’, o edil observou que os projetos são “investimento do município” e que “nada na lei nem na ética” proíbe a Câmara de divulgar os projetos que têm em carteira para intervenções futuras. “É uma boa prática porque é justificar onde foi gasto o dinheiro público”, disse Jorge Vultos Sequeira. “Se pudermos ser criticados, é por termos feito apenas dois boletins em sete anos; não se trata obviamente de propaganda, mas de registar e transmitir aos cidadãos aquilo que foi feito na cidade de forma objetiva e isenta”, garantiu.
Segundo o Portal BASE, a impressão do boletim municipal custou 13 mil euros, mas a oposição também quis saber o valor da distribuição do mesmo, uma informação que não foi possível adiantar até ao fecho de edição. “Antigamente, era uma decisão fazer o Boletim Municipal; agora, faz-se quando dá mais jeito. Daí censurarmos politicamente”, reforçou o vereador Tiago Correia.