Os investimentos em S. João da Madeira estiveram no centro das atenções na última Assembleia Municipal, com o PS a elogiar as obras em execução, estimando mais de 10 milhões de euros, e a coligação a prorrogar as acusações de “falta de ambição”.
“Há muito tempo que não havia tantas obras”, disse o socialista Leonardo Martins, que apontou o investimento do executivo em “áreas muito relevantes, como as escolas” e “uma autêntica revolução na forma como se valorizam” os bairros.
Na sessão de quinta-feira, dia 18, o deputado enumerou a empreitada +Acesso, a ciclovia, a requalificação do centro cívico, considerando que “todos percebem que não são meras obras de cosmética”, e a requalificação do mercado, que disse ser a pensar “em quem o visita, mas também em quem lá trabalha”.
Somando as mudanças no TUS, a intervenção na Rua Serpa Pinto, entre outras, Leonardo Martins fez as contas e apontou 10,5 milhões de euros em obras em execução. Números que “resultam em manter e criar novos postos de trabalho”, num contexto em que a construção civil e as obras públicas assumem “particular relevância” para a economia local e nacional.
São empreitadas que não justificam grandes inaugurações, mas que os socialistas entendem que fazem “diferença na vida real de muitos sanjoanenses”.
Porém, se o PS olha para os investimentos em curso, a coligação olha para os que se podiam, no seu entender, fazer.
Gonçalo Fernandes acusou o executivo de não fazer “nada” na Sanjotec, não compreendendo que o município não se tenha envolvido no projeto do novo campus da Universidade de Aveiro, previsto para Oliveira de Azeméis. “Não é compreensível como é que não fizemos parte deste investimento”, frisou, apontando que a cidade vai “perdendo dinâmica e centralidade”.
Depois de o presidente da câmara, Jorge Vultos Sequeira, responder que “o que está em causa é, sobretudo, a ampliação” do pólo norte da UA e que haverá canalização para a Sanjotec, o social democrata perguntou: “dos 50 milhões, que se estima de investimento, quantos serão investidos na nossa cidade?”.
Só que nem tudo tem números definidos, pelo menos, para já. “O investimento que poderá ser feito em S. João da Madeira corresponderá ao valor que a cidade possa vir a ter, através da captação de empresas para a Sanjotec”, respondeu o presidente.
Partindo da requalificação da Ponte dos Moinhos, que integrou as suas contas, e respondendo ao social democrata, Leonardo Martins indicou que “quando o município vizinho se desenvolve, o nosso também se desenvolve”, pois “um município não é uma ilha”.
Na causa animal, Bruna Soares (PSD/CDS) quis saber se as medidas implementadas “supriram as necessidades” e perguntou qual será o plano de gestão do parque de matilhas.
Sobre a colónia de gatos considerou que se trata de um abrigo “que não tem nenhumas condições” e questionou os apoios à esterilização de animais de pessoas carenciadas, a que estão destinados 5 000€, tendo havido apenas três pedidos.
“Mais do que colocar verbas no orçamento, é preciso executá-las”, disse, sem poupar nas críticas ao executivo de Jorge Vultos Sequeira. “A causa animal deve ter uma política”, mas “não deve servir para fazer política”.
“O que diria a senhora, numa Assembleia Municipal antes de outubro de 2017, do trabalho do seu partido nesta matéria”, ripostou Jorge Vultos Sequeira, que sobre o parque de matilhas disse que o mesmo foi construído “sobre a égide de seis veterinários municipais”.
Relativamente à colónia, o autarca esclareceu que, se o abrigo não tiver condições, será exigido ao fornecedor “a devida reparação” e, em conclusão, não resistiu à provocação, dando os “parabéns ao PSD” por, “ao fim destes anos”, também colocar, disse o socialista, “a sua voz em torno da causa animal”.
Pedro Fernandes (PS) elogiou o trabalho na cultura, sublinhando iniciativas do atual executivo que, no seu entender, contribuíram para que S. João da Madeira reforçasse a sua posição “enquanto polo de atratividade cultural”.
O deputado realçou que, com a pandemia, “foi e é urgente reinventar a oferta cultural” e salientou a “criatividade” da autarquia, em “inovações” como as visitas virtuais aos museus e os novos serviços da biblioteca.
Há duas formas de encarar a cultura, apontou, “como gasto ou como investimento”, deixando certo que o executivo a encara como investimento.
O presidente da câmara aproveitou para informar que já há “mais de 100 subscritores” na plataforma Press Reader.
Mas nem só de elogios se fez a Assembleia e a coligação continua a querer saber quando terão efeito as medidas de apoio à fixação de juventude. “Se eu comprar uma casa, este ano, com um valor inferior a 125 000€, vou ter isenção do IMI e do IMT?”, perguntou o deputado João Neves.
Não querendo ser acusado de “prestar assessoria jurídica”, Sequeira respondeu, ironias à parte, que a autarquia está a trabalhar no regulamento e “pode ser que ainda tenha esse benefício este ano”.