O avanço no dossier é, para Jorge Sequeira “um passo de gigante” na requalificação de uma “parte muito significativa” da cidade.
Depois da elaboração do projeto da requalificação urbana e ambiental da Av. do Brasil, da sua revisão e do período de auscultação de moradores e comerciantes, a obra está pronta para ser lançada a concurso público. A proposta foi discutida na reunião camarária desta segunda-feira, com o presidente da autarquia a realçar a relevância de uma “obra de vulto e dimensão” e que abrange um eixo que se inicia numa entrada de S. João da Madeira e conclui na estação de comboios. “É um passo de gigante que vamos dar na requalificação de uma parte muito significativa do nosso território, uma avenida de grande extensão, com centenas de moradores, inúmeros espaços comerciais, uma das principais entradas da cidade”, destacou o presidente da Câmara Municipal.
Há muito sem intervenção, a Avenida do Brasil carece de “uma intervenção profunda”, apontou Jorge Sequeira, no sentido de preparar aquela zona da cidade “para os desafios da inclusão e das alterações climáticas”. A obra, que prevê também “zonas de acalmia de trânsito”, será feita em três fases e está agora em condições de ser lançada a concurso uma vez que o financiamento do empréstimo, de três milhões, já foi validado. Contudo, o edil ressalvou que não está excluída a possibilidade de alocar fundos comunitários do PT2030. Caso se concretize, a autarquia irá reorientar o “empréstimo para outras necessidades”.
“Não faz sentido gastar 3,4 milhões num arruamento”
As divergências com o executivo neste dossier são conhecidas, como fez questão de vincar o vereador da Coligação A Melhor Cidade do País, Tiago Correia. Ambas as partes, reforçou o vereador, concordam com a necessidade da obra, mas o mesmo não se aplica ao modelo de financiamento e também ao projeto de requalificação. A oposição está contra a redução do estacionamento (Tiago Correia contabilizou que a rua perderá 50 lugares, Sequeira estimou que serão cerca de 20) e critica também a eliminação do separador central. Tiago Correia afirmou que, há muitos anos, o separador central foi colocado naquela via precisamente por ser “um ponto negro” da cidade no que toca a colisões frontais, temendo que tal volte a acontecer.
Tiago Correia recordou também argumentos já esgrimidos noutras ocasiões. A oposição entende que “todas as vias, sejam elas principais ou secundárias, devem ser intervencionadas” e que isso faz parte da “gestão corrente de um município”. Apesar de reconhecer a necessidade de reabilitar a Av. do Brasil, o social-democrata entende que o valor do investimento é demasiado elevado. “Não faz sentido gastar 3,4 milhões de euros num arruamento, muito menos sem fundos comunitários. Vai-se gastar 3,4 milhões para uma avenida passar a rua e retirar 50 lugares de estacionamento”, criticou, para desabafar: “É difícil explicar isto aos sanjoanenses, estamos a andar para trás, a andar de cavalo para burro”.
Para a oposição, o executivo está a fazer a obra para dar “um sinal de vida”, enquanto outras intervenções urgentes na cidade – como o pavilhão das Travessas ou as piscinas – continuam adiadas. Tiago Correia concluiu a intervenção com o dedo apontado ao valor do empréstimo, no seu entender “uma aberração. Nunca em 98 anos de história se fez coisa igual”, atirou.
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