O secretário-geral do PCP admite em entrevista ‘ O Regional’ que o Distrito de Aveiro tem uma dimensão de trabalhadores “enormíssima”, com uma capacidade produtiva “acima da média”. Paulo Raimundo reforça a “franqueza e frontalidade” de Pedro Santos
É a primeira vez que está em S. João da Madeira como secretário-geral do PCP. O que veio dizer em concreto neste comício, que encheu o auditório dos Paços da Cultura?
Essencialmente denunciar a situação política e económica, a partir da imagem que nós olhamos para ela, mas também afirmar uma ideia muito concreta que temos e estamos convictos que temos razão, que passa pela certeza que nós não estamos destinados à alternância. E, simultaneamente, associados a esta ideia, aquilo que se exige é a alternativa a partir de princípios que temos e de objetivos que temos fundamentando esta ideia. Falamos de abuso da situação, e um sublinhar muito grande que possamos construir alternativa, e não alternância que nos querem voltar a impor.
Numa entrevista recente, não excluiu a vontade de integrar um governo…
Não excluímos a possibilidade de integração, como temos a ambição de poder formar um Governo. Tudo a seu tempo.
A greve dos professores tem marcado, nos últimos dias, a atualidade informativa dos país. Os docentes exigem melhores condições de trabalho e salariais, o fim da precariedade, a progressão na carreira e solicitam mesmo a demissão do Ministro da Educação. Considera que a solução destas reivindicações passa pela saída de mais um membro do Governo?
Acho que não. Nós não acompanhamos nem partilhamos essa ideia de que a solução passa por a demissão deste ou aquele ministro, e a prova disso são as sucessivas demissões e saídas de ministros e de secretários de estado. O foco não deve ser esse, mas sim pela alteração das políticas. Todas as forças que temos deviam estar concentradas para alterar a política e não andar à procura de um protagonista, como se provou nos últimos meses, com tantas alterações. Uma coisa sabemos: A alternativa passa pelo Governo dar resposta aos problemas dos professores, já que tem existido, na minha opinião, algum desrespeito com esta classe, e a prova disso são os anos em que as suas carreiras estão congeladas.
Que visão tem do distrito de Aveiro e de S. João da Madeira?
Eu tenho uma forte ligação a este distrito pelas tarefas que já tive no passado, tanto no sector têxtil como no do calçado. Estamos perante um distrito com uma dimensão de trabalhadores enormíssima, com uma capacidade produtiva acima da média nacional, e era preciso colocar todo este conjunto de trabalhadores num caminho de construção de uns país melhor. Temos tudo aqui. Indústria, trabalhadores qualificados, vontade de trabalhar, e era importante que isso se encaminhasse no mesmo sentido, na construção de um distrito e concelho melhores, além de um pais melhor que é aquilo que precisamos.
Mas é importante realçar que enfrentamos, atualmente, um grande problema que é a distribuição da riqueza. Temos crescido consecutivamente do ponto de vista da riqueza criada, mas, depois, a distribuição não é feita, e isso traduz-se num acumular da riqueza, um punhado pequeno, e um conjunto de problemas que a larga maioria enfrenta, nomeadamente com o aperto do custo de vida que é um problema central.
De que forma o seu partido vai trabalhar para alcançar uma maior representação na política de S. João da Madeira?
Vamos, essencialmente, centrar-nos nos problemas das pessoas e não nos devemos preocupar com as eleições.
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