Política

Jorge Cortez: “Muitas vezes não disse o que queria” na política

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Jorge Manuel Resende Cortez conhece bem as autarquias sanjoanenses, e está convencido de que no fim do mandato do atual Governo os problemas de habitação na cidade estejam resolvidos

‘O Regional’: Deixou os órgãos autárquicos em outubro do ano passado. Desde então tem dedicado mais, menos, ou o mesmo à política?
Jorge Cortez: O mesmo tempo.

De que forma?
A política não se limita aos órgãos autárquicos. Nos órgãos autárquicos funcionamos sempre em grupo, não são os eleitos a decidir o que dizer sem previamente haver um consenso de opiniões. Mesmo que esteja só um eleito, que é o caso atual, há sempre um consenso do grupo alargado, onde tem elementos filiados dos partidos da CDU e outros que não são filiados, e que normalmente discute os problemas e traça orientações e ideias sobre questões da cidade. E acompanho a Assembleia Municipal, a Câmara e a Freguesia.

Mas, tendo em conta o que disse, para a CDU é indiferente ter um Jorge Cortez na Assembleia Municipal ou ter qualquer outra pessoa? Ou mantêm o conteúdo e diferem na forma como ele é expresso?
Quando o Jorge Cortez estava nos órgãos autárquicos trabalhou sempre com um grupo com quem coletivamente discutia as coisas, isso mantém-se com a Rita Mendes. Agora, cada um terá o seu estilo, nisso não há volta a dar, cada pessoa é uma pessoa.

A sua mulher e a sua filha também têm ligação à política. Fala-se muito de política em sua casa?
Fala-se muito de política.

Sobre o que falam mais?
De tudo, política local, internacional. Os meus filhos, desde que nasceram, ouviram sempre os pais falar de politica.

Fazem reflexão do passado, análise da atualidade...?
Sim, discutimos muito, e ficamos em desacordo, às vezes. Nem sempre temos a mesma opinião. Temos ideias genericamente que são semelhantes, mas depois, em problemas concretos, muitas vezes até nos zangamos a discutir... zangas pequenas.

O 25 de abril de 1974 foi mesmo o momento mais marcante da sua vida?
Foi. E suponho que não haverá outro que seja mais marcante.

Em todas as dimensões (pessoal, social, política)?
Em todas as dimensões. Vivíamos numa ditadura que não nos deixava respirar. Ao aproximarem-se da idade em que todos os rapazes tinham de pensar que iam para a guerra, há uma grande preocupação dos jovens, sobretudo no setor estudantil, com as pressões políticas. Ou iam fazer um tropa dois anos e tal na guerra, ou iam ter que emigrar e não e podiam emigrar de modo legal, portanto, teriam de ir clandestinamente. Teriam de passar a fronteira de Portugal para Espanha, mas Espanha também era uma ditadura, portanto, a solução era passar a segunda fronteira: de Espanha para França. Na altura, os jovens discutiam muito se a solução era ir para a tropa ou fugir. Precisamente quando se deu 25 abril eu estava nesse dilema. E esse dilema tinha discussão nas forças da oposição. O Partido Comunista Português entendia que os jovens deviam ir para tropa, não deviam fugir, porque ficavam fora do país muitos anos, não se sabia quando podiam voltar, e a melhor solução para inverter a ditadura era dentro das forças armadas e os jovens politizados podiam ter um papel importante. Esta posição era criticada por alguns esquerdistas, mas, em 74, eu estava-me a inclinar para esta ideia.

Antes do 25 abril participou em encontros do partido?
Não era do partido, mas participava em intervenções políticas

Clandestinas...
Clandestinas. Os estudantes centravam muito a sua atividade política na questão da guerra colonial. Antes do 25 abril distribuí muitos comunicados contra a guerra colonial.

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