Política

João Oliveira quer cidade na rota dos grandes eventos

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Diz ser uma pessoa independente, sem filiação partidária, embora toda a sua vida política esteja intimamente ligada ao PSD, e defende uma candidatura assente na proximidade com a população e na recuperação da vitalidade perdida nos últimos anos. João Oliveira é o candidato do PSD/CDS-PP, atual oposição, às próximas autárquicas em São João da Madeira, no ano em que o concelho celebra o centenário da sua elevação a cidade. Entre as prioridades que anuncia estão a requalificação imediata de estradas, passeios e jardins, a criação de 460 habitações a custos controlados para fixar jovens e famílias, a resolução dos problemas de estacionamento no centro urbano e a captação de investimento em indústrias de base tecnológica para gerar emprego qualificado e salários mais elevados. O candidato, que já presidiu à Habitar, sublinha ainda que será um presidente disponível para decidir em conjunto com comerciantes, empresários e associações, comprometendo-se a preparar a cidade para os próximos 100 anos.

 

Jornal ´O Regional´– Depois de mais de uma década afastado da vida política ativa, o que o convenceu a regressar e a assumir a liderança da candidatura da coligação PSD/CDS-PP?
João Oliveira – Senti que devia retribuir à minha cidade tudo o que ela me deu. Nasci e cresci aqui, formei família e desenvolvi toda a minha atividade profissional ao longo dos meus 63 anos de vida. Habituei-me a ver a cidade a crescer, a desenvolver-se e senti sempre muito orgulho naquilo que fomos conquistando enquanto concelho. Hoje, sinto que precisamos de uma nova energia, de uma nova ambição, de dar um novo impulso à cidade e senti, por parte dos sanjoanenses, um grande carinho e um grande apoio para assumir esta candidatura. Apelaram ao meu sentido de responsabilidade cívica e decidi aceitar. Foi pelos sanjoanenses e pela cidade que aceitei.

Embora reconheça que esteve afastado da política local, garante que se manteve atento à realidade do concelho. De que forma esse distanciamento pode ser visto como uma mais-valia, e não como uma fragilidade na sua candidatura?
Nunca me afastei verdadeiramente. Como disse, vivi sempre cá, trabalhei sempre cá e, por isso, estive sempre atento à vida da nossa cidade e nunca deixei de ouvir os sanjoanenses. Os sanjoanenses conhecem-me, conhecem o meu trabalho e sabem que estive sempre disponível para os ouvir e para os ajudar. Foi isso que motivou a minha candidatura.

Afirma ter “uma forma de estar na política diferente de muitas outras pessoas”. Em que é que essa diferença se traduz, de forma prática?
Eu sou uma pessoa independente, não tenho qualquer ligação a partidos. Sempre fui uma pessoa de pessoas e sempre olhei para o serviço público, através da política, dessa forma. E com um grande desprendimento. Repare, mesmo quando exerci as funções de vereador com o presidente Castro Almeida, nunca deixei de exercer a minha atividade profissional enquanto bancário. Porque era a minha vida, era o meu trabalho. Servi a cidade, ajudei os Sanjoanenses, mas nunca descurei aquilo que era o meu trabalho, que era ser bancário. Mas essa experiência na Câmara Municipal foi muito importante, porque percebi que uma das coisas mais importantes na política é o diálogo permanente com as pessoas. Isso fez com que hoje tenha uma grande proximidade com os Sanjoanenses.

Disse ser “um bom observador de tudo o que se passa na cidade”. Que diagnóstico faz hoje de São João da Madeira? Quais os principais problemas que identificou?
São João da Madeira é uma cidade com muito potencial, mas nos últimos anos perdeu dinamismo. Nós fomos, durante muitos anos, uma referência nacional na indústria, na inovação, na qualidade de vida, mas isso, de certa forma, foi-se perdendo. Desde logo, no básico: as estradas, os passeios, os espaços verdes, que eram sempre muito elogiados e, nos últimos anos, a cidade é uma cidade menos cuidada nestas áreas. Perdeu-se muito a ambição que sempre nos caracterizou, o querer andar à frente, o querer ter protagonismo. A ambição e a vontade de fazer mais sempre fez parte dos Sanjoanenses. Quando sentimos que essa paixão, que esse brio, que esse orgulho vai desaparecendo é o mesmo que sentir que estamos a perder a nossa essência. E, por isso, queremos devolver essa ambição, essa energia à nossa cidade e fazê-lo com soluções claras e com capacidade para as concretizar.

O que distingue na verdade a sua candidatura dos restantes candidatos à Câmara Municipal?
A forma como queremos preparar São João da Madeira para o futuro. Este é um projeto de futuro para a cidade. No próximo ano, São João da Madeira celebra o seu centenário e nós queremos preparar a cidade para os desafios e para as oportunidades dos próximos 100 anos. Queremos resolver os problemas das pessoas, não só aqueles que estão à vista de todos e que queremos resolver nos primeiros 100 dias, mas também aqueles que demorarão mais tempo e que colocarão São João da Madeira num patamar de desenvolvimento bastante maior. Queremos devolver o orgulho aos sanjoanenses, queremos devolver o brio à cidade e provar com trabalho que São João da Madeira pode voltar a ser a melhor cidade do país.

Qual é a sua principal prioridade e propostas que tem para o concelho mais pequeno do país?
Atendendo ao estado a que a cidade chegou, são várias as prioridades. Temos prioridades de curto e de médio prazo. As estradas, os passeios, os jardins nunca estiveram como estão. Quando falo em devolver o brio à cidade falo, precisamente, em resolver todas estas questões o mais rapidamente possível. Depois, a questão da habitação, em que iremos promover a construção de 460 novas habitações a custos controlados e rendas acessíveis, a preços que as famílias possam pagar, para que possamos fixar os nossos jovens e as famílias na nossa cidade. Também não é aceitável que os sanjoanenses não consigam ir ao centro da cidade porque têm dificuldade em estacionar. Já se investiu demasiado dinheiro na praça e falhamos sempre no objetivo de revitalizar e dar dinâmica ao coração da nossa cidade, porque sem estacionamento de proximidade as pessoas não vão ao centro. Queremos também atrair mais investimento e criar mais emprego, emprego qualificado, que pague bons salários aos sanjoanenses, através de indústrias de base tecnológica que tornem o concelho mais competitivo.

Fala da necessidade de dar “um novo impulso” à cidade. Onde sente que São João da Madeira perdeu fôlego e dinamismo?
São João da Madeira sempre foi reconhecida pelo seu dinamismo, pela capacidade de inovar e de estar um passo à frente. Nos últimos anos isso perdeu-se. Nota-se na dificuldade em atrair novos investimentos e em fixar jovens, na falta de uma estratégia clara para a habitação, no espaço público menos cuidado e numa cidade que já não transmite a mesma energia de outros tempos. Falta ambição. Quando falo em dar um novo impulso, falo precisamente em recuperar essa vitalidade: voltar a fazer de São João da Madeira uma cidade inovadora, competitiva e com qualidade de vida, onde as pessoas tenham orgulho em viver e trabalhar.

Quais são as três medidas concretas que quer colocar em marcha logo no início de um eventual mandato?
Já me comprometi com os sanjoanenses, nos primeiros 100 dias de mandato, a recuperar a imagem da cidade. Queremos requalificar estradas e arruamentos, recuperar os passeios, dar uma nova vida aos nossos espaços verdes e tornar a recolha de lixo mais eficiente. É das coisas que os sanjoanenses mais me pedem e, por isso, são as mais prioritárias. Também começarei logo, no primeiro dia de mandato, a tratar da construção das 460 novas habitações, do parque de estacionamento e das novas piscinas.

“Os sanjoanenses podem estar descansados porque serei o João que sempre fui”

Garante que quer ouvir “cada sanjoanense”. Como pretende transformar esse princípio numa prática política efetiva? Haverá novos mecanismos de participação cívica?
Essa é uma característica que sempre tive no desempenho das minhas funções e os sanjoanenses sabem disso. Puderam sempre contar comigo. Por uma razão simples: porque andei sempre pelas ruas, pelas associações, pelas empresas. Essa é a principal forma de ouvir as pessoas. Os sanjoanenses podem estar descansados porque serei o João que sempre fui e continuarei a ouvir os sanjoanenses como sempre ouvi. Serei um presidente próximo e que decidirá em conjunto com os comerciantes, com os empresários e com as associações, porque um presidente só sabe verdadeiramente o que acontece na cidade se sair do seu gabinete e se for ao encontro das pessoas. Queremos que os sanjoanenses participem ativamente na construção da nossa cidade e, por essa razão, vamos avançar com Assembleias Municipais descentralizadas, em várias zonas da cidade, para que os sanjoanenses possam aproximar-se do poder político e para que se possam fazer ouvir com mais regularidade.

Diz querer “transformar ideias em realidade”. Que projetos estruturantes estão já definidos para os primeiros dois anos?
Nos primeiros dois anos queremos recolocar São João da Madeira na rota dos grandes eventos. Vamos apostar no regresso do Hat Weekend, fomentando a identidade da nossa cidade e vamos apostar verdadeiramente no Natal. Ao nível das infraestruturas e equipamentos, queremos construir o parque de estacionamento e o parque infantil na Praça Luís Ribeiro, as bancadas no Campo de Jogos das Travessas e queremos requalificar o Pavilhão das Travessas. Ao mesmo tempo, vamos criar a estrutura de missão “Invest S. João”, com a participação de um grupo de empresários sanjoanenses liderados pelo Pedro Ventura e que, em conjunto com a estrutura de missão, desenvolverão um programa de captação de investimentos e empresas em áreas estratégicas. Vamos ainda começar a dar corpo à Sanjotec III.
A sua coligação apresenta-o como um candidato “credível” e com “profundo conhecimento” da realidade local. Acredita que será uma disputa eleitoral equilibrada?
Há uma grande vontade de mudança na cidade. Isso é algo que sinto diariamente no contacto com os sanjoanenses. As pessoas desejam novas ideias, novas respostas, novas soluções e uma forma diferente de gerir a cidade, que seja transversal a todas a áreas. Isso só é possível com novos protagonistas. Estamos a trabalhar para ganhar as eleições.

O seu partido defende que a empresa municipal Habitar deve "ir além da habitação social". Que tipo de "abordagem mais próxima" e que ações concretas a Habitar deveria desenvolver para ir além da sua função atual e "transformar a vida dos inquilinos", como referiu o atual vereador Paulo Barreira?
Quando fui vereador da Câmara Municipal, fui também presidente da Habitar. Portanto, é uma realidade que conheço muito bem e essa lógica era a que eu defendia. A Habitar não se deve limitar a ser uma gestora de condomínios. Essa não deve ser a sua única função. Mas a par da gestão patrimonial, das intervenções nos apartamentos, tem de haver um acompanhamento social constante das famílias, para que se possa estar mais próximo e perceber que respostas sociais são necessárias e, dessa forma, transformar a vida das pessoas. A Habitar deve ser uma estrutura de proximidade, de contacto entre os seus inquilinos e a Câmara Municipal.
Referiu que quer dar “uma nova ambição” à habitação na cidade com a construção de 460 novas habitações a preços “acessíveis e ajustados” à realidade das famílias, dando como exemplo a Cooperativa 11 de Outubro. De que forma colocará esta estratégia em prática?
Utilizaremos todos os instrumentos que estiverem ao nosso alcance para a construção de habitação, sejam eles públicos ou privados. A habitação é um desígnio nacional que nos deve mover a todos. Queremos aproveitar os empréstimos do Banco Europeu de Investimentos, queremos aproveitar o programa do Governo “Construir Portugal”, vamos transformar terrenos onde atualmente não se pode construir em terrenos para construção através da chamada “Lei dos Solos” e não deixaremos fugir as oportunidades de financiamento. A nossa responsabilidade é garantir que no fim dos quatro anos de mandato os sanjoanenses tenham à sua disposição, pelo menos, 460 novas habitações.

Referiu que o espaço público “reflete o respeito por quem ali vive”. Se for eleito, o que mudaria na cidade e de que forma?
Como já referi anteriormente, queremos devolver o brio e o brilho que outrora tivemos, relativamente às estradas, aos passeios e aos espaços verdes. Isso é respeitar a nossa história e é respeitar os sanjoanenses.

“Vamos construir, de uma vez por todas, as novas piscinas”

Em relação à localização do novo ecocentro, o vereador Tiago Correia apelou para que este não ocupasse terrenos industriais. Que alternativas de localização e de tipo de terreno seriam as mais adequadas, na sua perspetiva, para este investimento de 1,4 milhões de euros?
Nós temos, atualmente, um ecocentro municipal que tem espaço para crescer. A solução poderia passar por aí, por aumentar o atual ecocentro e dar-lhe todas as condições para que fosse moderno, atrativo e que respondesse às necessidades atuais. Em alternativa, poderíamos tentar encontrar um espaço que não fosse um espaço industrial. Fazê-lo num espaço industrial, quando temos falta de espaço para empresas e indústria, é abdicar de um local onde podia ser instalada uma empresa e criados centenas de postos de trabalho.

A coligação defendeu o adiamento da votação da estratégia municipal de saúde, argumentando que os compromissos de despesa a quatro anos deveriam ser decididos pelo próximo executivo. Qual é a sua principal preocupação em relação a este documento e o que é que o seu partido faria de diferente se estivesse no poder?
Como se referiu na reunião de Câmara, o trabalho estava feito, a base da estratégia estava definida e até podíamos fazer a discussão naquele momento. Agora, deliberar-se sobre este assunto, assumindo compromissos para o próximo executivo e a tão pouco tempo das eleições, do nosso ponto de vista não faz sentido.

Os “encerramentos constantes” da piscina municipal são frequentemente mencionados pelo PSD, além de outros “problemas estruturais” do equipamento. Se for eleito, que medidas implementaria para as piscinas?
Vamos construir, de uma vez por todas, as novas piscinas. E vamos fazê-las como estavam idealizadas inicialmente pelo Arquiteto Souto Moura. Já perdemos demasiado tempo com esta questão e os sanjoanenses já foram muito prejudicados pelo adiar da sua construção.

A oposição tem criticado a redução de lugares de estacionamento no centro da cidade. Que soluções concretas propõem para mitigar o impacto desta perda de estacionamento e equilibrar a necessidade de requalificação urbana com a conveniência dos moradores e comerciantes?
Não é só no centro da cidade. Nós somos frontalmente contra a redução de qualquer lugar de estacionamento na cidade, porque sabemos a importância que o estacionamento de proximidade tem. Portanto, o princípio é não reduzir estacionamento na cidade e criaremos um novo parque na Praça Luís Ribeiro.

Hospital: "Nunca aceitarei um acordo que não salvaguarde os interesses dos sanjoanenses e da cidade"

Que posição defende sobre a eventual transferência da gestão do Hospital de São João da Madeira para a Santa Casa da Misericórdia? Vê esta mudança como uma oportunidade ou um risco?
Enquanto presidente da Câmara, nunca aceitarei um acordo que não salvaguarde os interesses dos sanjoanenses e da cidade.

Que interesses são esses?
Por um lado, a manutenção do hospital no Serviço Nacional de Saúde. Isso é inegociável. Por outro lado, a manutenção da urgência 24 horas por dia e serviços existentes nos últimos anos em São João da Madeira e o reforço com outros que ainda não existam no nosso hospital. Um acordo que não garanta isso e que não reforce o nosso hospital é um acordo que não serve os Sanjoanenses e, por isso, é um acordo que não defenderei e que não aceitarei.

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