A fiscalização do estacionamento voltou a ser alvo de críticas, desta vez na assembleia municipal, com uma munícipe a denunciar que a “caça à multa” se intensificou este verão na rua Eng. Arantes e Oliveira.
Moradora na rua Eng. Arantes e Oliveira, Emília Silva dirigiu-se à assembleia municipal para expressar a sua “enorme indignação” com a “caça à multa” que tem existido desde que há parquímetros na rua onde vive e que se acentuou de forma significativa este verão. “Tínhamos permanentemente duas pessoas a multar os carros e a verificarem se já tinha passado um minuto. Se já tivesse passado, já estavam a multar”, lamentou. “O que é que se pretende para S. João da Madeira? O que é que se pretende para o mercado? O que é que se pretende para as lojas de ruas e para os moradores?”, questionou.
Emília Silva deixou ainda uma sugestão: que a autarquia crie estacionamento para residentes, tal como acontece em cidades como o Porto. Isto porque de acordo com a munícipe, na rua Eng. Arantes e Oliveira não há sítio para os moradores estacionarem quando há torneios ou a piscina exterior está aberta.
O presidente da Câmara reconheceu que têm chegado muitos relatos semelhantes à autarquia, que junto do concessionário tem apelado à tolerância para “estacionamentos de curta duração” ou em situações que é necessário “trocar dinheiro”. Jorge Sequeira destacou que o estacionamento pago permitiu colocar um ponto final a fenómenos comuns nas ruas da cidade, nomeadamente lugares ocupados por um único carro de manhã até ao fim do dia. “Hoje há mais facilidade de estacionar no centro da cidade e há mais procura para os estabelecimentos comerciais”, denotou o autarca, sinalizando que com “a concessão passou a existir fiscalização”.
O governante esclareceu ainda que os moradores da rua podem solicitar, se não tiverem garagem, um cartão que isenta o pagamento do estacionamento. Para quem tenha mais do que um carro, há a possibilidade de ter um cartão que isenta o pagamento na primeira meia hora da manhã e na última meia hora da tarde. Jorge Sequeira acrescentou ainda que o munícipe, caso se sinta lesado, pode sempre impugnar a multa e aguardar a deliberação do tribunal.
BE defende TUS a circular de 15 em 15 minutos
A deputada do BE, Eva Braga, quis sinalizar o “novo desporto municipal” que existe na cidade: “a caça à multa”. Para o partido, existem dois problemas de fundo: a concessão de um bem público e um sistema de transportes públicos ineficaz. “O estacionamento é tão importante porque não existem transportes públicos em condições para que uma pessoa não precise de usar o carro”, alertou Eva Braga, que defendeu mais investimento neste setor. Entre outras medidas, a deputada propôs a reestruturação das linhas do TUS e o aumento da frequência dos autocarros (de 15 em 15 minutos). Mostrou-se também contra a concessão, criticando a câmara por “entregar a gestão do estacionamento, isto é, do espaço público, a uma empresa dando-lhe ainda em troca mais lugares de estacionamento pago”.