A Aliança Democrática (AD) venceu as eleições legislativas antecipadas do último domingo, dia 18, com 32,7% dos votos, garantindo a continuidade de Luís Montenegro como primeiro-ministro. A coligação, que junta o Partido Social Democrata e o CDS – Centro Democrático e Social, reforça assim a sua presença no Parlamento, tanto em percentagem como em mandatos.
Face às eleições do ano passado, a AD cresceu de 30,15% para 32,7% dos votos e conquistou 89 deputados — mais nove do que na anterior legislatura. Este resultado marca uma diferença significativa face ao Partido Socialista (PS), o seu maior opositor histórico. Em 2024, apenas dois mandatos do CDS/PP ajudaram a separar PSD e PS (ambos com 78 deputados). Agora, a distância entre as duas forças políticas históricas alarga-se para 31 deputados.
O PS foi o grande derrotado da noite, ao cair para 58 deputados, menos 20 do que nas últimas eleições, registando um dos piores resultados da democracia. Apesar do empate com o Chega em número de mandatos, os socialistas mantêm-se como segunda força política em número de votos. A contagem dos votos da emigração poderá ainda alterar ligeiramente a composição final.
Com um ligeiro reforço face às últimas eleições, a Iniciativa Liberal (IL) subiu de oito para nove deputados. À esquerda, apenas o Livre aumentou a votação, elegendo seis representantes.
O PCP perdeu um deputado, mantendo representação por Lisboa, Porto e Setúbal. O Bloco de Esquerda (BE) sofreu uma queda expressiva, elegendo apenas Mariana Mortágua, cabeça de lista por Lisboa.
Além do BE, há mais dois partidos com representação singular na próxima legislatura: o PAN, que mantém Inês Sousa Real no Parlamento, e o Juntos Pelo Povo, que se estreia na Assembleia da República, com Filipe Sousa, eleito pelo arquipelago da Madeira. A taxa de abstenção nacional ficou nos 37,7%.
Montenegro pede que “deixem o Luís trabalhar” e garante estabilidade para quatro anos
Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática (AD) e vencedor das eleições, pediu na noite eleitoral que “agora deixem o Luís trabalhar”, numa referência à música oficial da campanha. O presidente do PSD começou por agradecer aos portugueses, aos democratas e à sua família, sublinhando que os eleitores deram nestas eleições “um voto de confiança ao Governo, à AD e ao primeiro-ministro”. No seu discurso, Montenegro destacou que “o povo falou e exerceu o seu poder soberano. No recato da sua liberdade, aprovou, de forma inequívoca, um voto de confiança no Governo, na AD e no primeiro-ministro”. De acordo com o líder do executivo, “o povo português quer este Governo e não quer outro”. “O povo quer este primeiro-ministro e não quer outro”. Várias vezes aplaudido na sua intervenção, Montenegro disse ainda que nas eleições de domingo, “que foram antecipadas e não exigidas pelas pessoas, os políticos perguntaram ao povo que programa queriam para a sua governação e que primeiro-ministro queriam na sua concretização. A resposta foi clara”, enfatizou, acrescentando que todos os partidos “devem ter capacidade de diálogo”. “Os portugueses não querem mais eleições antecipadas”, apelando a que a legislatura dure até ao final do mandato: “Às oposições caberá respeitar e cumprir a vontade popular.”
Questionado pelos jornalistas sobre o crescimento do Chega, o primeiro-ministro preferiu destacar “o reforço da confiança” na sua liderança e no Governo: “Aquilo que é a distribuição das oposições, eu deixo para os analistas e para esses mesmos partidos”, respondeu.
Por fim, recusou comentar eventuais acordos ou alterações constitucionais, rejeitando também qualquer envolvimento na escolha de líderes de outros partidos: “Muito menos falar de uma hipotética revisão constitucional. Bom, e quanto a escolher líderes políticos de outros partidos, era o que faltava.”
O presidente do Conselho Europeu felicitou Luís Montenegro pela vitória nas eleições legislativas. “Irei trabalhar em estreita colaboração com o próximo Governo de Portugal para tornar a Europa mais forte, mais próspera e mais autónoma”, escreveu António Costa na rede social X.