Opinião

Zelensky, Macron e nós

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Não é apenas a intervenção de um Presidente que está em guerra, a defender o seu País. É muito mais do que isso.

1. Esta quinta-feira o Presidente Zelensky fala na Assembleia da República. Trata-se de um momento muito especial. Não é apenas a intervenção de um Presidente que está em guerra, a defender o seu País. É muito mais do que isso. É a palavra de um líder que, além de defender a sua Pátria, está a defender a Europa e os europeus. Esta não é apenas a invasão da Ucrânia. É a agressão aos valores da liberdade, da democracia, dos direitos humanos e da paz. Os valores mais fortes e perenes da Europa a que nos orgulhamos de pertencer.
Uma vitória ucraniana nesta guerra é também a vitória da Europa e dos seus valores. Uma derrota ucraniana é também uma derrota europeia e dos princípios em que assenta a nossa civilização. Zelensky não é apenas o inesperado herói ucraniano. É também o surpreendente paladino dos ideais ocidentais. O antigo humorista não está a representar um papel ou a ficcionar um cenário. Está a agir na realidade com autenticidade e convicção, está a lutar no terreno com coragem e determinação.
Hoje somos todos ucranianos. Todos os que acreditamos na Europa. Todos os que somos pela tolerância contra a autocracia, pela liberdade contra a ditadura. Zelensky merece a nossa homenagem e é credor da nossa solidariedade. No seu discurso, ele vai seguramente recordar a importância do 25 de Abril em Portugal. E nós aproveitaremos para lembrar que há 48 anos também lutámos para sermos livres. Estamos assim, ucranianos e portugueses, irmanados do mesmo espírito. O espírito da liberdade e da paz.

2. No próximo domingo, o futuro da União Europeia joga-se nas eleições presidenciais francesas. A escolha é entre o alívio e o tsunami. A vitória de Macron será um alívio para todos os europeus. A vitória de Marine Le Pen será um tsunami na Europa. Nunca uma eleição nacional foi tão decisiva como esta para o projeto europeu.
Macron pode ter muitos defeitos. É bastante elitista, algo distante do povo, amiúde dotado de alguma arrogância. Mas é um europeu por convicção, um democrata com paixão e um crente numa sociedade multicultural. A sua vitória, goste-se ou não do seu estilo, é decisiva para a União Europeia.
A eventual vitória de Le Pen seria pior que o Brexit. Corresponderia a meter dentro da União Europeia o cavalo de Troia. Seria ter à mesa do Conselho Europeu quem não acredita na União Europeia e advoga uma aliança com o Presidente Putin. Uma União Europeia assim dificilmente sobrevive. Marine Le Pen como Presidente de França seria o caminho para a implosão do projeto europeu. Uma calamidade para a Europa e para Portugal.
Numa única semana, entre quinta e domingo, temos perante nós a sensibilidade e o risco do projeto europeu. Por isso, torcemos por Zelensky e Macron. Não por clubismo político. Muito menos porque deixamos de ser portugueses ou porque temos menos orgulho na nossa pátria. Estamos com um e com outro porque somos europeus e acreditamos na Europa. Eles são, nesta hora decisiva, o nosso escudo protetor. A nossa garantia de futuro.

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