O Transporte Urbano em São João da Madeira (TUS) e a sua gratuitidade permite que os cidadãos se desloquem dentro do concelho de autocarro, beneficiando o quotidiano dos sanjoanenses. Como é de conhecimento geral, o uso de transporte coletivo é uma solução mais sustentável do que a viatura própria. No entanto, o uso do mesmo tem de ser eficiente e eficaz nas suas deslocações e deve ser articulado com os outros transportes na cidade. Apresento-vos, de seguida, um exemplo vivido por mim numa deslocação curta no TUS:
Ao tentar entrar ao minuto 7 da hora na linha Verde do TUS, na paragem da Avenida da Misericórdia (Hospital), deparei-me com um atraso superior a dez minutos. Como o painel eletrónico informativo se encontrava completamente desligado, decidi começar a fazer o meu percurso a pé. Ao chegar à próxima paragem na Avenida Renato Araújo, com mais de dez minutos de atraso, em que a passagem do autocarro deveria ser ao minuto 9, o painel informativo estava ligado. Porém, mostrava que a próxima passagem seria apenas na próxima hora. Se eu não soubesse de antemão do atraso, a informação dessa paragem estava a induzir em erro os cidadãos que tentam usar o autocarro. Como o atraso já era considerável e, mais uma vez, não havia informação do mesmo, decidi continuar o meu percurso a pé.
Finalmente, consegui apanhar o TUS na Rua João de Deus (Tribunal) ao minuto 29, ao invés do minuto 12 como anunciado nessa paragem. Novamente, não havia qualquer informação do atraso previsto nesse dia para esse autocarro. Felizmente consegui aproveitar o TUS desde a Rua João de Deus até à Avenida Benjamim Araújo (Pavilhão ADS) que era o meu destino final. Quando quis regressar e fazer o percurso inverso de TUS, uma vez que a passagem do mesmo é horária, teria que esperar na paragem mais de quarenta minutos pelo próximo autocarro, sem incluir o atraso que o mesmo já tinha nesse dia. Mais uma vez, não havia informação nem da próxima passagem, nem do atraso.
Num concelho como São João da Madeira, com cerca de oito quilómetros quadrados, é imperativo que os transportes públicos possuam os seus horários e os seus atrasos bem visíveis e atualizados para que os cidadãos possam ter a liberdade de escolher o meio de transporte mais adequado para a sua viagem. Quando temos em consideração uma área territorial reduzida e o transporte público é manifestamente insuficiente e com atrasos, é muito provável que os cidadãos não considerem esta solução, optando pelo meio próprio. Atendendo ao objetivo declarado pelo município de atingir a neutralidade carbónica em 2030, torna-se imprescindível reduzir o número de automóveis que circulam na cidade, dado que o setor automóvel é o mais poluidor do concelho.
Com uma Linha do Vouga desprezada e desatualizada, com uma rede UNIR que veio complicar a vida aos seus usuários, com um défice de ciclovias e de soluções de transporte alternativas no concelho, torna-se crucial que o transporte interno, que permite aos sanjoanenses deslocarem-se no concelho, corresponda às suas expectativas e às suas necessidades. Não é concebível que um sanjoanense consiga fazer um percurso que inclui três paragens mais rapidamente a pé do que no TUS!