Para alguns pode parecer que foi há pouco tempo, mas já passaram quatro décadas. Faz hoje quarenta anos, que nos foi reconhecida a categoria de cidade.
Digo reconhecida, porque na realidade há muito que S. João da Madeira, então vila, tinha ultrapassado todos os requisitos, estabelecidos na Lei, para ser cidade. A decisão veio com vários anos de atraso, mas, como diz o ditado, mais vale tarde que nunca.
Após o final do século dezoito, progrediu a um ritmo muito acentuado. Em 1900, era já uma terra bastante industrializada. Avançou mais ainda, na década de vinte quando conseguiu a electrificação e a Santa Casa de Misericórdia construiu um hospital de raiz, o mais importante do norte do distrito. Para além de paróquia, tinha bombeiros, banda de música, a Misericórdia, a Associação Desportiva Sanjoanense, e outras instituições. Foi sem favor que, naquela altura, lhe atribuíram a categoria de vila.
Porém, era muito desejado pela nossa freguesia - a mais populosa e com maior rendimento do concelho de Oliveira de Azeméis - a emancipação concelhia. Em 11 de Outubro de 1926 foi esse desejo foi também alcançado.
A criação do concelho de S. João da Madeira - pela capacidade que revelou na gestão da coisa pública - foi fundamental para o desenvolvimento que alcançamos a seguir.
O nosso crescimento em muito se deve ao dinamismo e visão de futuro de vários industriais. Estes conseguiram promover desenvolvimento num país que entrou no século 20 com grandes índices de atraso, nomeadamente com 78 % da população analfabeta. Mas os trabalhadores, que viviam em condições miseráveis - como nos relata tão bem, o nosso escritor João da Silva Correia - foram a mola imprescindível do progresso alcançado. Sem eles, nada feito!
Ao longo de décadas, crescemos colectivamente. Muitas vezes, opondo-nos uns aos outros. A nossa História, não foi uma vivência harmoniosa. Houve pontos de vista diferentes, até antagónicos, conflitos sociais, e pessoas que pagaram caro pelas suas opiniões. Dizer ámen não é apanágio dos sanjoanenses. Sempre houve, quem manifestasse discordância.
Como escreveu Alegre e cantou Adriano “Mesmo na noite mais triste / em tempo de servidão / há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz não”. Por cá também foi assim.
É no respeito pelas diferenças, não deixando ninguém ficar para trás, que melhor poderemos aceder ao bem-estar colectivo. Seguir o 25 de Abril - que agora comemoramos de modo apoteótico o quinquagésimo aniversario - será sempre o melhor caminho!
Parabéns a todos nós!
O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico