Opinião

Um Escritor, um Governador e um Trapalhão

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Tivemos o centésimo aniversário do nascimento de José Saramago, um grande escritor da língua portuguesa.
José Saramago foi militante do Partido Comunista, desde os anos 60 do século passado e sempre foi leal ao seu partido. Foi resistente à ditadura e um dos mais destacados intelectuais do Portugal de Abril.
Nascido na Golegã (na Azinhaga) a 16/11/1922, originário de uma família pobre, frequentou a escola industrial, tendo concluído o curso de serralheiro. Foi serralheiro, desenhador técnico, trabalhador administrativo e jornalista. Publicou em 1947 o seu primeiro romance “Terra do Pecado”. Colaborou como crítico literário na revista “Seara Nova”, fez parte da redacção do jornal “Diário de Lisboa”, onde escreveu muitos artigos de opinião e foi coordenador do suplemento cultural. Durante alguns meses de 1975 foi director-adjunto do “Diário de Notícias”.
Em 1980, publicou “Levantado do Chão”, obra que o caracterizou como grande escritor. Em 1982, a publicação do “Memorial do Convento” consagrou-o internacionalmente. Daí para a frente outros títulos surgiram em catadupa como: “O Ano da Morte de Ricardo Reis”; “A Jangada de Pedra”; “História do Cerco de Lisboa”; “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”; “Ensaio sobre a Cegueira”; “Todos os Nomes”; A Caverna”; “A Viagem do Elefante”; “Caim” e outros mais.
Em 1998 foi-lhe atribuído o prémio Nobel da Literatura. No regresso da cerimónia de atribuição, dirigiu-se à sede do PCP em Lisboa onde, depois de declarar, numa sessão aberta à comunicação social, que «não deixou de ser comunista» para que lhe atribuíssem o Prémio Nobel, juntou-se a um grupo de camaradas e com eles foi integrar uma manifestação, no Terreiro do Paço, promovida pela CGTP, contra as medidas laborais do Governo de António Guterres.
A obra de José Saramago promoveu-o a embaixador da Língua Portuguesa, mas a sua grandeza e a sua condição de comunista são indissociáveis. É esta a razão que move o herói colectivo dos livros que nos deixou.
Durante o seu percurso de jornalista e escritor, gente de vários quadrantes fartaram-se de o atacar. Diversos notáveis da vida política usaram vários meios contra ele, inclusive os cargos do Estado que ocupavam.
Hoje, dá-nos repulsa, e ao mesmo tempo vontade de rir, ver como alguns dos -inimigos de ontem se passaram a mover em volta do seu nome – tantas cotoveladas para ficarem à frente nas fotografias. Infelizmente, o escritor não pode voltar o tempo necessário para apreciar o fenómeno e escrever um ensaio sobre a hipocrisia. Tenho pena!

Pensava que Carlos Costa, instalado na sua dourada aposentação, depois de tantas confusões em que se envolveu, ou o envolveram, no cargo de Governador do Banco de Portugal, não apareceria mais em público. Enganei-me!
Ele reapareceu, com um livro que mandou escrever, ou lhe escreveram, seguido de uma «tribo» que me deixou espantado: os passistas (até o ex-doutor Relvas esteve), o Professor Cavaco Silva, o General Ramalho Eanes (o homem por quem «engoli um sapo» no dia 7/12/1980, para que nos livrássemos de Soares Carneiro), o esgotado ministro das finanças de Sócrates, (Teixeira dos Santos) e outros mais que não me consigo lembrar.
De todas as pessoas que retive da TV, há uma, Ramalho Eanes, que não compreendo o que lá estava a fazer, mas os outros, regra geral, tinham o mesmo objectivo: ajustar contas com os que derrotaram o passismo e limpar a imagem de Carlos Costa, o ex-Governador, nomeado por José Sócrates com o apoio do seu ministro das finanças. Para mim, foi um dos Governadores que mais controvérsias e dúvidas deixou na regulação do sistema bancário. A sua nomeação foi contestada pela esquerda, o seu passado na CGD tinha muitos aspectos que o desaconselhavam, mas o PS, da altura, o PSD, o CDS e o então Presidente da Republica gostaram da sua escolha.
Carlos Costa, quanto a mim, por muito que fale ou mande escrever, tem pelo menos três casos que no mínimo nos fazem concluir que não esteve à altura do cargo: a crise do BCP de 2012 a 2014, onde surgiram imparidades de centenas de milhões de euros e se verificou insuficiências nos rácios de solidez; o estranho caso do BANIF com a injecção de mais de 700 milhões de euros pelo Estado em 2012 e a sua resolução em 2015 e, pior de tudo, a vergonha do BES, um caso de polícia, um crime sem castigo, que prejudicou o bolso de muitos cidadãos Portugueses e os cofres do Estado Português.
Entendo que o ex-Governador faria melhor figura ficando em casa a gozar a sua milionária reforma, e também entendo que, o Professor Cavaco Silva que, em 21 de Julho de 2014, foi categórico a promover o BES ao afirmar «… os portugueses podem confiar no Banco Espírito Santo, dado que as folgas de capital são mais que suficientes…» devia abster-se de participar nestas escaramuças preservando, responsavelmente, a sua imagem de ex-Presidente da República Portuguesa. É assim que me parece!

Alguns amigos estão zangados com um colunista que noutros lados escreve imensa tontaria.
Acho que o não devem levar a sério. Ele é assim. Começou por atacar ao seu benfeitor, depois inscreveu-se no PS. Não durou muito a sair e passar a otelista, voltou ao PS, mas por pouco tempo. De seguida, durante muitos anos, agarrou-se ao CDS local. Nas eleições autárquicas de 1985, até uma rádio ilegal, comprada com dinheiro de todos nós, instalada num espaço do município foi usada para a propaganda política. Mais tarde colou-se ao PSD, atacando candidatos do PS, como Josias Gil e Luís Ferreira. Nas penúltimas eleições lá voltou ele a mudar para o PS de Jorge Sequeira. Entretanto, disse-me um passarinho, que agora está descontente. É sinal que vai voltar a virar. Vamos ver!

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