Opinião

Um balanço para o ano de 2024

• Favoritos: 17


2024 fica marcado pelos sucessivos atos eleitorais.
Em ano de eleições legislativas antecipadas e com eleições europeias agendadas, a expectativa sobre a carreira política do presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira foi alvo de especulações. Enquanto uns o apontavam para secretário de Estado ou ministro de um governo liderado por Pedro Nuno Santos, outros asseguravam que o destino seria Bruxelas. Nada disso aconteceu e umas terceiras eleições, no mês de setembro, para a distrital partidária, nas quais eram expectável a recondução para um novo mandato de Jorge Sequeira, vieram a revelar-se um desastre para as suas intenções e esclareceram os eleitores sobre a opinião dos militantes socialistas, acerca do trabalho desenvolvido no distrito de Aveiro.
Se do lado do partido maioritário do executivo municipal nada se alterou, na coligação - dos restantes partidos da oposição - as eleições legislativas tiveram um efeito inverso. Saídas para o parlamento e para o governo, em cargos de chefes de gabinete, foram o resultado. Apesar de alguns se manterem como vereadores, a disponibilidade para seguir os problemas da povoação e da população é agora menor, sentindo-se essa resposta menos fundamentada nos relatos das reuniões de Câmara Municipal.
No balanço do ano, a reintrodução do estacionamento pago foi o tema que causou mais polémica. Criaram-se várias zonas, todas mais próximas do centro da cidade e com um controlo apertado sobre os condutores menos precavidos. Os relatos de multas por pequenos descuidos foram uma constante ao longo de vários meses. O descontentamento fez-se sentir, ao ponto do edil pedir menos rigor. O resultado imediato ficou visível em várias ruas da cidade. Há imensos lugares disponíveis durante o dia, o que confere duas interpretações. Por um lado, permanece a ideia que o estacionamento deixou de ser um problema, pela disponibilidade na maioria das artérias. Por outro e talvez mais preocupante, que a atividade comercial e de serviços do centro não é tão atrativa, pois são poucos os automóveis estacionados em zona paga. Independentemente do ponto de vista, há duas questões que mereciam ser analisadas:
- o limite de uma hora, para que não tem aplicação digital, pode ser manifestamente pouco e atendendo aos lugares disponíveis, se algum condutor optar por estacionar por mais do que uma hora, não parece ser problemático;
- a extensão do horário. 10 horas diárias é demasiado para uma cidade como São João da Madeira. Para ajudar os comerciantes que prestam serviços de restauração, a isenção na hora de almoço permitia recuperar alguns clientes. O final da tarde, antes do encerramento da generalidade do comércio, podia voltar a ser gratuito, podendo atrair os clientes que optam pelo estacionamento gratuito no centro comercial oitava avenida, ou nas grandes superfícies, em detrimento do comércio de rua.
Houve outros assuntos com igual polémica.
A recolha de lixo, com a transformação dos locais de recolha, aumentando a capacidade dos contentores, mas ainda assim, a existirem casos pontuais de lixo depositado fora dos mesmos, sobretudo no final da semana. Facto que obrigou a edilidade a lançar uma campanha de sensibilização para melhorar os hábitos da população.
A construção de habitação municipal com ocupação excessiva da via pública, algo que a acontecer no foro privado, obrigaria ao embargo da obra e retificação da sua volumetria.
O anúncio de requalificação da Rua do Brasil, com recurso a empréstimo bancário, por valores que permitiriam colocar em prática algumas das promessas eleitorais do atual Presidente da Câmara Municipal: a casa para a memória (industrial) e a construção da nova Piscina Municipal.
Por fim, os sucessivos anúncios de aplicação da medida governamental do 1º Direito, com as requalificações anunciadas a serem reconversão de espaços industriais e pouca reabilitação do vasto número de habitações devolutas existentes da cidade. Uma opção com menor atratividade, que poderá ser invertido com o projeto previsto para Casaldelo.
Para 2025, ano de eleições autárquicas, o sufrágio popular ajudará a perceber se todos os anúncios serão suficientes para agradar à maioria dos eleitores, ou se pelo contrário, o descontentamento pela inação será convertido em voto de protesto.
Atendendo à data festiva, desejo a todos os leitores um Bom Ano.

17 Recomendações
67 visualizações
bookmark icon