O acordo da concertação social que Marcelo Rebelo de Sousa chamou “almofada”, foi um tema muito falado nas TVs, com muita publicidade do governo e euforia de alguns dirigentes patronais.
Em matéria de publicidade ninguém ganha a este Governo. António Costa, põe foguetes e apanha as canas e fala com se algo de fantástico acontecesse. Por outro lado, Luís Montenegro, classificou o acordo como «importante», mas «limitado» e «pouco ambicioso», percebe-se que faria diferente (acho que ainda pior).
Abstraindo-nos do aparato da publicidade e das eventuais diferenças entre PS e PSD, lendo o texto que suporta o referido acordo, percebe-se que, o que fica para quem vive do trabalho é a continuidade da sua situação: não vai haver valorização real dos salários (quem vive do trabalho fica com menor poder de compra em 2023 do que o que tinha em 2021), não pára o empobrecimento e mantêm-se as normas gravosas da legislação laboral.
Tudo situações que eram muito criticadas pelo PS, quando era oposição, mas, chegados ao Governo e com maioria absoluta, esqueceram o que prometeram. Nada disto é novo!
Com pompa e circunstância, vimos o Governo, em directo na televisão, tendo como cenário a Estação da Campanhã, a anunciar «uma nova linha, em via dupla, de alta velocidade entre Porto e Lisboa, … com o tempo de percurso directo entre Campanhã [Porto] e Oriente [Lisboa] de 1 hora e 15 minutos.»
Perante tanto aparato e tanta vaidade exposta, comecei a lembrar-me dos diversos momentos em que este anúncio foi feito pelos nossos governantes e fui rever a matéria:
- António Guterres, em 2000, anunciou uma «ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa-Porto em 1 hora e 30 minutos»;
- O Governo de Durão Barroso, em 2004, aprovou uma Resolução do Conselho de Ministros onde anunciava uma «Linha Lisboa-Porto, como linha especialmente construída para a alta velocidade, com estações intermédias em Leiria, Coimbra e Aveiro, com horizonte temporal de 2013». Não consegui verificar o tempo de viagem anunciado, mas acho que seria de 1 hora e trinta minutos ou menos (Durão não ia ficar atrás de Guterres);
- Mais tarde, em 2008, o ex-primeiro-ministro José Sócrates, anunciou uma nova linha ferroviária para ligar Lisboa ao Porto em 1 hora e 15 minutos.
A propaganda da alta velocidade nunca mais acaba. Agora António Costa, ex-ministro do governo de José Sócrates, 14 anos depois, veio ao Porto repetir a promessa daquele.
Os nossos governantes, andam a anunciar coisas que há muito era suposto estarem concluídas. Será justa esta maneira propagandear as decisões políticas? Para mim não é, mas com estas e com outras, eles vão ganhando eleições. Contudo, estas atitudes, prejudicam a democracia e beneficiam o populismo!
No dia 14 de Outubro de 1964, Lourosa foi cercada por centenas de guardas da GNR e muitos agentes da PIDE, com o objectivo de reprimir uma contestação popular, contra a decisão da Diocese do Porto de retirar o Padre Damião, muito acarinhado pela população, daquela paróquia.
Por haver bastantes pessoas a manifestarem-se junto à residência do pároco, apesar de tudo ser feito pacificamente, o Governador Civil de Aveiro, aconselhado pela PIDE, deu ordem ao comandante da GNR no local, para usar a força e dispersar a multidão.
De forma bárbara, homens e mulheres foram agredidas pela GNR e pela PIDE, com bastões e com as coronhas das espingardas, sendo disparados diversos tiros. Tal brutalidade originou duas mortes e vários feridos. Rosa Silva e Maria de Lourdes Oliveira, duas jovens mulheres, foram mortas a tiro. A repressão não ficou por aqui, dias depois, a PIDE prendeu diversas pessoas na freguesia que foram sujeitos aos procedimentos «normais» daquela instituição de malfazer.
Após 25 de Abril, houve tentativas de se fazer justiça, mas nada aconteceu aos responsáveis por estes dois assassínios. A culpa, como aconteceu com todos os casos de repressão do fascismo em Portugal, “morreu solteira”! .