Opinião

Tridimensionalidade e pedagogia...

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Alguns anos atrás, desloquei-me até Lisboa para participar num “Clinic” com um conceituado treinador de natação, norte americano. Vinha-nos falar da importância da tridimensionalidade na natação. Honestamente, por muito que me esforce, não consigo lembrar-me do nome do treinador. Mas ainda tenho bem presente como ele nos apresentou a ideia da tridimensionalidade. Começou por nos dizer que, aquando da sua chegada a Lisboa, reparou numa jovem garota que lhe pareceu bonita quando a olhou de frente. No entanto, para que a sua avaliação fosse correta, teria de a observar de lado e também de trás e assim a sua avaliação ficaria completa.
Transportando esta imagem para a natação, já perceberam... não basta olharmos para um nadador só de um lado. Aqui começava a nossa dificuldade... pois as nossas piscinas não têm condições para que tal aconteça. Faltam viseiras laterais, por exemplo. Na época, e só por curiosidade, este treinador confessou-nos que costumava usar um escafandro para poder ver os atletas de todos os lados enquanto nadavam. Felizmente, hoje em dia, existem câmaras que nos permitem acompanhar os atletas de vários ângulos. Muitas vezes, ao ver um gesto só por um lado pode-nos parecer correto. Daí a importância de uma observação mais completa.
Neste tempo, estes clinics ainda não valiam como créditos para a nossa profissão. E aqui uma forte lamentação da minha parte pela existência de uns senhores em Lisboa, cujo “trabalho” deles é desvalorizar aquilo que lhes antecedeu... Se queres trabalhar, o teu saber e sabedoria não vale nada se não desembolsares dinheiro para obteres uns créditos duvidosos, de alguém com saber e experiência menor que a tua... Bem, desculpem mais este desabafo! E já agora um conselho, se me permitem, quando avaliarem algo ou alguém não se esqueçam de usar a tridimensionalidade, isto é, o todo e não apenas uma das partes. Assim, a avaliação será mais completa ...
Na música, Bill Evans, “Best Songs”.
Nos livros, um regresso aos clássicos com “O discurso do método”, de Descartes.
Fiquem bem!

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