Opinião

Também isto é igualdade

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Esta cidade está longe de ser uma cidade para todos.
Não há preocupação com as pessoas que têm dificuldade de locomoção, ou que se deslocam em cadeira de rodas. Já olharam atentamente para os passeios? Há tantos passeios com as pedras fora do sítio, com buracos e lombas que tornam a saída à rua de muitas pessoas um verdadeiro pesadelo. Se para quem não tem dificuldade de movimentos estes passeios podem ser um perigo, imaginem para quem tem. Ou, ainda, para quem tem todos os movimentos, mas dificuldade na visão ou cegueira.
Muitas vezes, quem tem algum tipo de dificuldade ou deficiência e quer fazer um trajeto nos passeios, tem de se deslocar na estrada porque os passeios não reunirem as condições necessárias para uma viagem sem perigo.
E os lugares de estacionamento reservados a pessoas com deficiência, já atentaram como muitos estão “pensados”?
Ainda não foi há muito tempo que junto ao edifício da Sanjotec reservaram lugares de estacionamento destinados a pessoas com deficiência. Um deles, o que está mesmo colado ao S1, claramente foi feito sem que a pessoa se ponha na pele de quem usa uma cadeira de rodas. Pois, o local que está assinalado para a pessoa sair do carro e se colocar na cadeira de rodas não tem uma rampa que lhe permita aceder ao passeio. Para que a pessoa que se desloca em cadeira de rodas consiga aceder ao passeio, tem de dar uma volta grande e com bastante inclinação. Sem fazer este trajeto não tem acesso à entrada do edifício. O que não acontece a quem, utilizando o mesmo estacionamento, não usa cadeira de rodas, uma vez que basta subir o degrau e já está em cima do passeio, estando a porta da entrada para o edifício muitíssimo mais perto.
Isto é um pormenor. Fazer uma rampa perto do lugar de estacionamento destinado a pessoas com deficiência para acederem ao passeio, é um pormenor para quem pensa e executa estas “melhorias”. Diria que é um pormenor que não é difícil de ser lembrado e executado. Contudo, é um “pormaior” para quem efetivamente necessita de usar aquele lugar de estacionamento. Como é possível obrigar as pessoas que usam cadeiras de rodas a fazer um percurso maior (com a dificuldade de ser a subir), quando, na verdade, estes lugares devem existir para facilitar o acesso das pessoas com deficiência a todos os sítios?
É nestas coisas que se vê que o poder local não está para servir, mas sim para ser servido. Se não há capacidade de se colocarem no lugar de TODOS os cidadãos da cidade, nem há preocupação para saber como o podem fazer, então deem lugar a quem o faz.
Sim, poder usar a via pública sem correr perigo é uma forma de liberdade. Que todos o possam fazer nas mesmas condições, é igualdade.

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