Com o aproximar das inesperadas eleições legislativas e das esperadas eleições europeias, decidi fazer umas considerações sobre o passado e presente político do nosso país.
No meu humilde ponto de vista, existem duas formas fulcrais de aprender e evoluir: com o passado histórico, ou seja, com os erros anteriormente cometidos, e com a observação daqueles que têm ou tiveram sucesso em situações similares às que atravessamos quer no passado quer no presente.
Assim sendo, começarei por me debruçar sobre o passado político desde o começo do regime democrático em Portugal. À parte do primeiro governo português de 1976, que possuía carácter provisório, o início político da democracia portuguesa começa como governo de Mário Soares em 1978. Desde essa data até à queda do último governo dirigido pelo Dr. António Costa, apenas dois partidos políticos foram eleitos e tiveram a oportunidade de guiar e direcionar o país à glória. No entanto, pelo que é do conhecimento público, Portugal é, cada vez mais, um país marginalizado e próximo dos países mais pobres da União Europeia, quer a nível social quer, principalmente, económico. Albert Einstein uma vez disse: “estupidez define-se em fazer algo sempre da mesma forma e esperar resultados diferentes”. Infelizmente, parece-me que é exatamente o que o povo português tem vindo a fazer nestes últimos 46 anos de democracia.
Relativamente à observação daqueles mais sábios e experientes que conseguiram fazer melhor, na minha visão, os portugueses deveriam ter em conta os comportamentos e ações que os povos nórdicos e centrais da europa adotam no seu dia a dia. O exemplo mais claro de superação e liderança foi o do povo alemão que, em pouco mais de 35 anos, após a queda do muro de Berlim, transformou o seu país passando de um país completamente destruído para um dos países mais competitivos e socialmente evoluídos da União Europeia e do mundo.
Sem dúvida que existem várias formas de aprendizagem, mas penso que, se os portugueses tiverem apenas estas duas formas aqui mencionadas em consideração conseguiremos para as gerações futuras um país muito mais apetecível e com uma qualidade de vida muito superior.
Apesar de o povo português possuir um cartório de culpas elevado no fraco progresso do país, os nossos governantes, como é óbvio, não estão libertos de responsabilidades.
A falta de ambição por parte dos nossos governantes em incutir nos jovens uma maior proximidade com a política é, sem dúvida, uma falha enorme e, em especial, dos ministros da educação que nunca procuraram implementar no programa nacional de educação matérias ou disciplinas direcionadas para a política.
Como é possível explicar que um jovem com 18 anos adquira o direito de votar, mas não o seja capaz de fazer, pelo simples facto de não possuir qualquer tipo de conhecimento político; querendo com isto dizer que, num programa de ensino tão vasto e muitas vezes demasiado pormenorizado em determinadas matérias, não se compreende que o mesmo não possua qualquer tipo de disciplina obrigatória que dê aos alunos a capacidade que os mesmos necessitam para quando puderem exercer o seu direito ao voto o façam de forma lúcida e informada.
Apesar de a abstenção ser um problema sério com que a nossa democracia se tem vindo a deparar, importa dizer que o voto desinformado é tão ou até mais alarmante.
Repare-se que num país desinteressado, quem não exerce o seu direito ao voto é displicente e permite que outros decidam o seu futuro nos próximos 4 ou 5 anos; no entanto, quanto ao voto desinformado, o eleitor, por não ter encarado o direito que adquiriu de forma responsável e séria irá eleger, muito provavelmente, de forma errónea. Ora, como num sistema democrático a maioria é que decide o rumo que o país irá tomar, se a nossa sociedade for composta por um maior número de pessoas desinformadas e desinteressadas, estes ingredientes são os bastantes para os resultados que temos vindo a obter a nível social e económico ficarem muito aquém daqueles que seriam de esperar.
Tal como uma casa não se constrói começando pelo telhado, um país forte e competitivo não se consegue sem que a base, o povo, esteja capaz de tomar as melhores decisões para si e, principalmente, para o país. Apesar de não ser fácil e de não ser sempre tudo preto no branco, está na altura, após 50 anos do 25 de abril, de deixarmos de ser uma sociedade em branco.