Estávamos no estádio universitário de Coimbra. Eu e a Lídia fomos convidados a assistir ao jogo de basquetebol que o nosso filho ia participar. Como tínhamos ainda algum tempo para o começo do jogo resolvemos ir caminhar. A ponte de Santa Clara estava mesmo ali ao lado, pensamos ir tomar um café à Briosa. Ao entrarmos na ponte, a Lídia, como óptima observadora, não deixou de reparar na placa que assinalava o ano da inauguração: 1954!
Na minha cabeça surge um flash... A minha memória levou-me até esse dia. O meu avô Margalho trouxe-me à inauguração, comprou-me uma bandeira da Académica (uma pequena bandeira na ponta de um arame). Lembro-me da multidão que se aglomerava na Portagem.
Ao atravessar a ponte, outras memórias... Lembro-me que chamávamos “Bazófias” ao rio Mondego, pelo facto de no verão o rio só nos apresentava um fio de água e um enorme areal. Era neste areal, que eu e a minha família assistíamos ao fogo de artifício que se realiza pela altura das festas da Rainha Santa Isabel que se realizam de dois em dois anos.
Coimbra, em termos de festividades que envolve toda a cidade, para além da festa da Rainha Santa Isabel, tem também a Queima das Fitas. Só assistindo conseguimos absorver toda a magia, a alegria, as emoções, a partilha, ...chega a ter uma enorme carga nostálgica.
Bem, continuamos na ponte... olhamos para nascente e observamos o Parque da Cidade, Dr. Manuel Braga, a ponte pedonal Pedro e Inês, mais acima a Lapa dos Esteios, lugar inspirador para muitos poetas!
Olhamos para a foz, para além do açude, que veio apagar o nome de “Bazófias”, vimos o Choupal, um parque que todo o luso ateniense conhece. Olhamos para a frente e para cima, e, lá está, a torre da universidade na sua imponência, guardiã de um bom pedaço da nossa história, para o bem e para o mal. Olhamos para trás e vemos o recuperado Convento de Santa Clara, mais atrás o Portugal dos Pequeninos... quem não conhece, e logo ali ao lado o, também renovado Convento de S. Francisco. Mais acima, o Convento da padroeira da cidade: Rainha Santa Isabel.
Continuamos a caminhada....bebemos o café na Briosa, compramos um suspiro e, ainda, demos um salto à igreja de Santa Cruz, onde estão sepultados D. Afonso Henriques e D. Sancho I.
A hora do jogo aproximava-se, iniciamos o regresso com passo apressado. Chegamos a tempo de ver o início do jogo e ver o nosso filhote alegrar-nos com a sua enorme habilidade par jogar basquetebol.
Na música, esta semana andei mais uma vez pelas caixas de vinil e estive a ouvir Pink Floyd.
Nos livros, “Deus não gosta de nós”, de Hank Moody.
Escrevo com a força que vocês me dão. Grande abraço.