Opinião

Repensar a habitação social em São João da Madeira: Além do teto, um caminho para a autonomia

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A gestão da habitação social em São João da Madeira, gerida pela empresa municipal Habitar, tem demonstrado um progresso quantitativo conforme os mais recentes relatórios de desempenho. Porém, a nossa visão não pode ser limitada aos números. A verdadeira transformação que devemos ambicionar é a social e pessoal, onde a habitação social não é apenas um fim, mas um meio para alcançar a autonomia dos cidadãos.
A entrega de chaves a um novo inquilino, embora de extrema importância para a dignidade Humana, não deve ser o fim da missão, mas o início de um processo transformador. A proximidade que a Habitar tem com os seus beneficiários oferece uma oportunidade única para impactar significativamente a vida dessas pessoas, não apenas garantindo um teto, mas também fomentando um caminho para a autonomia pessoal, livre de apoios sociais.
Embora o relatório de desempenho organizacional da Habitar de 2024 mostre uma melhoria na eficácia das operações, de 80% em 2023 para 85% em 2024, e uma redução de 20 pessoas na lista de espera, esses avanços ainda refletem uma perspetiva predominantemente quantitativa. A ausência de avaliações profundas sobre a satisfação dos inquilinos e o impacto real dos serviços prestados aponta para uma lacuna significativa na nossa abordagem.
A transformação social que entendo ser adequada e defendo, deve ser catalisada por programas que vão além da simples gestão de imóveis. Programas de educação financeira, gestão doméstica e outras habilidades vitais para a vida cotidiana são fundamentais. Esses programas ajudam a preparar os cidadãos para um futuro em que possam ser economicamente independentes e menos dependentes de apoios e suportes habitacionais prolongados.
Olhando para iniciativas de outros municípios, como a Figueira Domus na Figueira da Foz e a BragaHabit em Braga, vemos exemplos claros de como a habitação social pode ser um ponto de partida e a oportunidade para uma vida mais autónoma. Estas organizações não apenas fornecem habitação, mas também integram os seus inquilinos em programas de desenvolvimento pessoal e social, demonstrando o potencial de políticas habitacionais bem arredondadas.
A necessidade de uma estratégia que promova não só a segurança habitacional, mas também o desenvolvimento integral das pessoas, nunca foi tão clara. A habitação social deve ser um catalisador para o desenvolvimento social e pessoal, e não um conforto permanente.
São João da Madeira tem o potencial para se destacar como um líder em inovação social e autonomia, redefinindo o papel da habitação social no panorama nacional.

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