Opinião

Reflexos - Corte na fatia Desporto do Bolo Orçamento Municipal

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161.25%... é o resultado em rigor, do montante de financiamento – 332 214,85€ (reais) – que os 23 Clubes sanjoanenses vão receber do Orçamento Municipal neste ano pandémico, Covid-19. Não obstante a declaração do presidente Jorge Sequeira, que em reunião de câmara havia anunciado 466 069,39€ destinados ao Desporto.
Ao diferencial – 133 854,54€ - do qual há já vinte anos… o “atribuem” como pagamento pela ocupação dos equipamentos municipais designado por “apoio logístico”. Não faço a menor ideia que vantagem tirará daqui o município e, tão pouco, estar o dito inscrito na rubrica “subsídios e outras despesas”. Para um leigo como eu em tal matéria, cheira-me a método contabilístico que, no mínimo, resulta lindamente em habilidosa propaganda do regime.
Executado o duro corte na ajuda aos clubes, o sr. Presidente da câmara haveria de construir uma narrativa. Dos agora anunciados “Contratos Programa para o Desporto” justificaria (desajeitadamente) que haviam menos 365 atletas inscritos pelos clubes. Ora, sendo certo que o facto se deve à desmobilização causada pela Covid-19 e, principalmente, pela situação de degradação transversal das condições de gestão desportiva respectiva, preferira assim o edil “entrar” pelo lado fácil do problema ignorando o estado real da comunidade desportiva local. Consegue ainda o presidente… ignorar que em tempo de pandemia, os clubes não tiveram qualquer possibilidade de trabalhar na captação de novos valores. E, esquece por exemplo, que tem o Centro de Formação Desportiva e o complexo de piscinas fechados há um ano… Só pode dar vontade de chorar tanta incúria e insensibilidade…
Coincidência ou não, este ano com um orçamento bem mais rico (apenas… no montante), cerca de 28 milhões de euros, seria justamente a oportunidade de demonstração da “diferença” por banda desta câmara PS. Manter os valores anteriores – 578 mil euros – não se agarrando à inapropriada e infeliz “boleia” da desistência de atletas ou, optar por entregar ao desporto a totalidade dos 466 mil euros que anunciara envergonhadamente, diga-se.
A ilustre gestão desta câmara deixa-nos assim com a certeza de que na nossa cidade e para a sua comunidade desportiva – assente numa base onde prolifera essencialmente a formação dos seus jovens – não haverá um PRR que nos valha… Algo, ou qualquer coisa, como o “Plano de Recuperação e Resiliência para o país.
Confesso que nestes tempos por que passamos face ainda a uma tal gestão dos recursos autárquicos, esperava uma outra atitude firme, concreta mas de particular sensibilidade por banda da coligação PSD/CDS com assento no plenário da câmara. Passo a citar a posição respectiva sob o tema dos “Contratos Programa” através do dr. Paulo Cavaleiro: «o momento actual podia servir para a câmara criar um programa para apoiar os clubes que vivem muito de receitas de eventos e deixaram de ter isso».
É verdade que podiam, caríssimo amigo Paulo Cavaleiro. É esse mesmo apelo que muitos de nós agentes desportivos têm vindo a tentar sem que, vá lá saber-se porquê… tenha o sr. Presidente cedido um poucochinho da sua agenda para nos ouvir. Que pena… perdida tal oportunidade real pela coligação em propor uma solução viável e concreta, no combate a um drama tão evidente em causa nobre. Será… que haveria ali a coragem do voto contra socialista!!! Não quero acreditar meus amigos…
Custa de facto acreditar… A câmara socialista aceita e pactua com a discriminação do género contemplada nos “Contratos Programa de Desenvolvimento Desportivo” – qual não é a de: equipa masculina que milite numa primeira divisão nacional beneficia de um subsídio complementar máximo de trinta mil (30 000.00) euros; para uma mesma circunstância em equipa feminina, o benefício ficará pelos sete mil (7 000.00) euros…
A narrativa do presidente a propósito, vai parecendo não ficar por ali… No seu discurso (declaração) daquela reunião de câmara dizia, passo a citar: “ao contrato-programa se aplica o princípio da adaptabilidade, podendo o documento ser revisto, por exemplo, se atletas que saíram, entretanto, voltarem”… Tal e qual, virgulas incluídas.
Jorge Sequeira, declarava em campanha eleitoral, cito: «…/… junto das instituições e dos clubes da cidade, que não devem temer a mudança na gestão da autarquia. Vamos inovar, mudar a forma de gerir a cidade, mas vamos fazê-lo para melhor…/…». Parece-nos, que é justamente o presidente a temer pelas explicações a dar aos clubes no habitual circuito pelas “capelinhas” ali por Setembro próximo…

(O autor opta na escrita segundo o antigo acordo ortográfico)

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