1. A resposta à pergunta que está no título deste artigo é clara: não, Portugal não é nenhum oásis. O país tem muitos problemas e os portugueses muitas dificuldades. Mas, quando paramos um pouco para refletir e nos comparamos com o que se passa à nossa volta, aí sim, até parece que somos um oásis.
Os EUA estiveram à beira de uma guerra civil. Bastava para tanto que o atentado a Donald Trump tivesse tido sucesso. Mas, mesmo não tendo havido essa calamidade, a nação norte-americana é hoje uma realidade em ambiente de divisão e violência política como nunca se viu.
A França, acabada de sair de eleições antecipadas, está mergulhada no caos político. Mais de uma semana depois do ato eleitoral, não há clarificação nem há governo. Há confusão, crispação e desentendimento. Uma sociedade literalmente dividida ao meio. Verdadeiramente ingovernável.
A Espanha, aqui ao lado, venceu o Europeu de futebol com todo o mérito, é verdade. Mas perde todas as semanas tranquilidade e coesão por causa das guerras autonómicas, das coligações espúrias que se sucedem no poder e do excesso de guerrilhas políticas.
A Alemanha, motor da Europa, está também em má fase. A economia sofreu um sério abalo com a guerra na Ucrânia. O governo está em acelerada perda de autoridade. A governabilidade futura está cada vez mais incerta e nebulosa.
2. Eu sei, todos sabemos, que o mal dos outros não resolve os nossos problemas. Mas nesta vida é tudo muito relativo. Olhando à nossa volta, o mundo está cheio de guerras, incertezas, riscos e conflitos de vários tipos. Nós, cá dentro, felizmente, vivemos em paz, com coesão e tranquilidade, num clima de acalmia e relativa estabilidade, resolvendo paulatinamente os problemas que temos, com o talento e os recursos de que dispomos. Sem guerras, sem conflitos e sem excessivos estados de alma.
Faz parte da nossa maneira de ser valorizarmos mais o que vem lá de fora em detrimento do que se faz cá dentro. É da nossa matriz cultural passarmos mais tempo a sublinhar o nosso fracasso que a elogiar o nosso sucesso. Preferimos amiúde destacar o que é negativo em vez de enaltecer o que é positivo.
Mas é tempo de mudar de atitude, valorizando o que é português, destacando o que se faz em Portugal, sublinhando os méritos que temos como povo e como nação, enaltecendo a capacidade que a sociedade tem tido para se afirmar, fazendo reforçar a nossa autoestima e a nossa ambição.
Temos problemas, é verdade, e temos pressa de os resolver. Mas os outros têm problemas bem mais sérios que os nossos e não estão a ser capazes de os resolver. Sejamos tolerantes e solidários com todos eles, mas não deixemos de ser orgulhosos com o que somos, o que temos e o que fazemos.
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