Caminhava, com as minhas intrigas pessoais... Bem, intrigas é exagero! Nem sei como tal me ocorreu. A caminhar, é verdade, com o meu fiel companheiro, também é verdade. Mas, as minhas queixas eram nesta altura contra a arquitetura urbana. Nos últimos tempos deu-me para aqui... Também não sei bem porquê. Mas, claro que até sei... Aliás, ultimamente dou comigo a perguntar-me se a arquitetura será mais estética ou ética, e se não terá muito de civismo. Neste meu caminhar as minhas queixas até tinham algum fundamento. Quando circulamos a pé por algumas das ruas da nossa cidade, nomeadamente na avenida Dr. Renato Araújo, a ginástica que temos de fazer para nos desviarmos de cadeiras de esplanadas, das árvores, de algumas zonas ajardinadas junto de alguns prédios, etc. Felizmente, as pessoas respeitam-se e são muitas as vezes que temos de parar para dar passagem uns aos outros. Chama-se civismo!
Num desses momentos fui abordado por uma senhora asiática, que num português correto, me perguntou se lhe podia indicar onde ficava o B.P.I. Fiquei com ar de quem estava a chegar aqui pela primeira vez. A senhora , ao olhar para mim, verificou que eu não estava a ser grande ajuda. Bem, mas eu lá fui respondendo só para alimentar o momento: “Ali estão duas agências bancárias, mas não é nenhuma das que a senhora pretende...”. Nesse momento a senhora, no intuito de me ajudar disse-me que o B.P.I. era na praça das Américas. Nesse momento, pensei: “Querem ver que temos mais uma praça e eu não sei?!?!”, “Querem ver que a praça Luís Ribeiro passou para Humberto Delgado e agora chegou a praça das Américas!?!?” Com estas congeminações lá se fez luz no meu cérebro e lembrei-me onde ficava o B.P.I. Só não disse à simpática senhora que aquele banco, já foi Banco de Angola, União de Bancos e outros ramos de negócios. Lá nos despedimos, eu feliz por ter cumprido o meu dever cívico de informar e a senhora feliz por ter encontrado um tão simpático cavalheiro.
Continuei o meu caminho... quando cheguei junto da Lídia contei-lhe a história. Alguém antes de mim já teria dito à simpática senhora asiática que o B.P.I. era junto ao Parque América. Bem, convenhamos que praça das Américas não estava assim tão a despropósito...
Nos discos, mais um velhinho que não está junto de nós, Joe Cocker.
Nos livros, “Três homens num bote”, de J. K. Jerome.
Muitas vezes enquanto caminhamos, e não só, precisamos e dar informações.