Opinião

Olhar para trás...

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Esta coisa de olhar para trás tem muito que se lhe diga. Acontece, que quando me lembrei deste título para esta crónica, logo me ocorreu uma história que nos contavam quando éramos crianças, que nos servia de aviso para não olharmos para trás. A história tinha-se passado com uma tia minha, que ao passar à meia noite, na Cruz de Celas, em Coimbra, ao ouvir um ruído atreveu-se a olhar para trás... ao fazê-lo levou uma bofetada que ela nunca conseguiu explicar de onde veio tal bofetada, pois ela não viu absolutamente ninguém!!!
Bem, escusado será dizer, que eu e os meus amigos, várias noites tentámos a mesma prática e nunca nos aconteceu nada de estranho... Mas, também, verdade seja dita, penso que nunca nenhum de nós o tentou fazer de uma forma solitária. Claro, que cada um acredita da maneira que mais lhe aprouver. Aliás, a nossa própria história, como país, é feita de histórias mirabolantes, que nos passavam como acontecimentos verdadeiros... A ideia, penso, é que quanto mais nos tornássemos submissos e tementes aos deuses, mais o controle sobre nós era mais efetivo.

Um olhar para trás...
mas que período mal resolvido para Portugal!

Hoje em dia, quando olhamos para trás, por vezes com alguma nostalgia, será que em algumas encruzilhadas das nossas vidas, mudaríamos alguns rumos? Deixo-vos esta questão. Mas também vos digo, que agora já não adianta nem olhar para trás... Será só um consolo psicológico. Nos dias de hoje, divirto-me nos jantares com os meus amigos. Estes amigos têm uma enorme capacidade de olhar para trás. E felizmente temos a capacidade de nos rirmos de coisas que lá trás passamos juntos. Pena é que, quando olhamos para trás, não tenhamos o sinal sonoro que os automóveis modernos possuem que evitam que o pessoal vá bater em algo! Nestes olhares para trás dou comigo junto ao monumento aos heróis do Ultramar. Este fui um olhar bem sentido, pela perca que lá tivemos...
Deixo-vos com uma história ternurenta em como, por vezes, o olhar para trás pode ser amoroso. Passava-se comigo e com o meu rottweiler Hope no tempo do meu exílio voluntário em Vale de Cambra. Pela manhã, quando saía de casa para vir para S. João trabalhar era minha intenção que o Hope ficasse em casa... Acontecia quase sempre quando chegava ao portão, e para me despedir dele olhava para trás. O olhar dele era de uma força, como que a dizer: “Porra, não me levas?!” Não resistia e dava a ordem que ele ansiava, “Vamos!” Em segundos ele passava por mim e, quase por magia, lá estava ele dentro do carro!
Por vezes, temos mesmo de olhar para trás sem medo nenhum para assim podermos avançar com mais confiança.
Na música, “Summer 68”, de Pink Floyd. Lembram-se de 68?
Nos livros, “1984”, de George Orwell. Aqui, era um olhar para o futuro!
Se quiserem divertir a olhar para trás, vão visitar uma feira de antiguidades.

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