Opinião

“O Porto aqui tão perto”1

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O Governo prometeu uma ligação por caminho de ferro de S. João da Madeira até ao metro do Porto e vice-versa, em 40 minutos.

Esta solução implica uma grande modificação da Linha do Vouga entre Oliveira de Azeméis e Espinho. E alterará radicalmente a sua configuração. A linha terá de passar a ter bitola larga e serão suprimidas a maioria das paragens.
Nas proximidades de Espinho, a Linha do Vouga unir-se-á à Linha do Norte. Daí seguirá até Gaia onde os passageiros poderão aceder ao metro. Supostamente em 40 minutos (será que sim?).
O ministro Castro Almeida é um grande entusiasta desta ideia e promete levá-la à prática.
Vêm-nos à memória duas promessas extravagantes, de diferentes protagonistas, que e caíram no tinteiro como:
- a automotora que circularia no nosso território - nos carris da Linha do Vouga – transportando passageiros entre vários pontos da nossa cidade. Era uma promessa que se anunciou como garantida, mas não se cumpriu;
- a integração da freguesia de Milheirós de Poiares no Concelho de S. João da Madeira. Facto que só alguns minoritários “cépticos” duvidaram. A maioria acreditou, muito particularmente os milheiroenses. Mas esta promessa também não se cumpriu.
Mais uma vez lembramos que uma ligação de autocarro desde S. João da Madeira até à estação de metro de Vila d’Este (Gaia), via A32, demorará muito menos que 40 minutos. E é útil a vários concelhos. Uma solução muito barata, cujas infraestruturas estão concluídas.
Os responsáveis pela Área Metropolitana do Porto deviam de considerá-la.
Por outro lado, questionamos tecnicamente esta alteração da Linha do Vouga.
Entre S. João da Madeira e Espinho, a via entra no espaço urbano de diversas localidades. Pelo que não deveria ter uma alimentação eléctrica igual à Linha do Norte, de alta tensão, de 25 KV (quilovolts) com corrente alternada. Devia ser electrificada de modo semelhante à linha do metro do Porto, com corrente contínua e baixa tensão, de 750 volts. Se a linha for de alta tensão é necessário haver barreiras de segurança para proteger as pessoas de riscos eléctricos e conviverá mal com os espaços urbanos.
Também será mais adequado, na nossa opinião, tendo em conta o percurso, que se mantenha a bitola estreita. Por ser mais versátil na mobilidade dentro das localidades.
Vamos esperar para ver!

O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico

1 O Porto aqui tão perto, letra e música de Sérgio Godinho, in álbum Canto da boca, lançado a 1 de janeiro de 1981.

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