Opinião

O nosso hospital não pode ser mais uma vítima das redes de interesses do PSD

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Para o Governo, o Serviço Nacional de Saúde só serve para fomentar redes de interesses e clientelas partidárias.
As últimas semanas têm demonstrado isso mesmo.
Foram as várias nomeações do PSD para gerir Unidades Locais de Saúde, muitos sem qualquer tipo de experiência no assunto. Para o Algarve foi nomeado um deputado municipal de Faro, para a ULS de Leiria foi nomeado outro deputado municipal do PSD, enquanto que para a ULS Lezíria escolheram um ex-vereador e para a Guarda uma ex-chefe da divisão administrativa da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo.
Mas a coisa não fica por aqui.
O Governo nomeou para Diretor Executivo do SNS alguém – Gandra d’Almeida - que faturou mais de 200 mil euros de forma ilegal a vender serviços ao SNS através das suas empresas.
E nomeou para Coordenador do chamado Plano de Emergência alguém que tem interesses em todo o lado. Chama-se Eurico Castro Alves e desenhou um plano que levou à transferência de 65 milhões de euros para a Santa Casa da Misericórdia do Porto, instituição onde o próprio era dirigente.
São exemplos atrás de exemplos que revelam como o Governo do PSD/CDS decidiu tomar de assalto o Serviço Nacional de Saúde. O hospital de São João da Madeira corre o sério risco de ser a próxima vítima desta voragem.
Está tudo a ser cozinhado nas costas da população e contra os profissionais de saúde daquele hospital. Tudo sem sequer se dizer quais os serviços que o hospital vai perder ou qual o cheque que o SNS vai pagar à Misericórdia. Há já um mês que o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda questionou o Governo sobre isto e até agora nada, nenhuma resposta.
A Ministra assobia para o lado e esconde os contornos do acordo, mas a secretária de Estado já foi ao hospital dizer que é tudo uma decisão política (e insinuar que já estava tomada). Tudo a ser cozinhado nas costas da população.
Porque é um processo pouco edificante e verdadeiramente indefensável, o Governo tenta esconder as consequências. Mas elas são fáceis de adivinhar.
O hospital de São João da Madeira é dos hospitais da sua dimensão o que mais cirurgias de ambulatório realiza no país; ele contribui para a redução significativa dos tempos de espera na ULS de Entre o Douro e Vouga e até recebe utentes de outras regiões para ali serem operados. Graças ao esforço dos seus profissionais, ele conseguiu diferenciar-se e fazer ali cirurgias cada vez mais complexas, como consegue seguir milhares de utentes nas urgências, nos tratamentos oncológicos, psiquiátricos ou nas várias consultas de especialidade. Tudo isso será perdido. Como, aliás, já está em risco de perder algumas especialidades.
Ao Governo isso nada interessa, mas a nós que aqui vivemos interessa e muito. Se o Governo quer vender o nosso direito à saúde a única resposta a dar é a da mobilização da cidade em defesa do seu hospital. Vamos fazer por isso. Porque o nosso hospital não pode ser mais uma vítima das redes de interesses do PSD.

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