Opinião

O equílibrio de Marcelo e a mudança de Generais

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1- Esta semana fica marcada pela posse do reeleito Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Apesar de ser já esperada e mesmo sendo repetida, esta posse é deveras importante. O que tem este Presidente que o torna tão consensual? Como pode um homem que se situa à direita merecer apoio tão generalizado, num país que votou maioritariamente á esquerda nas últimas eleições para a Assembleia da Républica, para o Parlamento Europeu e para as Autarquias Locais?
O estilo de proximidade, a simpatia pessoal e as manifestações de afeto do Presidente explicam muita coisa mas não justificam tudo. O que importa perceber é a razão por que as pessoas de esquerda se deixam tocar pelos afetos do Presidente que vem da direita; e por que razão as pessoas de direita se deixam encantar pela simpatia de um Presidente que ativamente suporta um governo de esquerda. É aqui que reside o talento político do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Quem é de direita sente-se representado pelo Presidente nos órgãos superiores do Estado. E quem é de esquerda compreende que este Presidente que vem da direita coopera lealmente com o governo da esquerda.
É esta marca de moderação e esta preocupação de equilíbrio que moldam a ação presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa. Os seus críticos (poucos) bem podem dizer que é um equilibrista; que dá uma no cravo e outra na ferradura. Manda a justiça que se diga que este sentido de equilíbrio é o seu principal mérito e também o grande desafio para o mandato que agora inicia.
O Presidente sabe que não é possível agradar a todos. A sua conduta tem agradado a quem aprecia o equilíbrio, a moderação e a independência.

2- Fez agora um ano que se confirmaram os primeiros casos de infeção com o corona vírus em Portugal. Poucas semanas antes, a Diretora Geral de Saúde tinha garantido que essa nova espécie não chegaria à Europa e muito menos a Portugal. Dez dias depois dos primeiros casos de infeção, o Primeiro Ministro anunciou medidas de confinamento, incluindo o fecho das escolas. Na semana seguinte o Presidente da República decretava o primeiro estado de emergência. Veio depois a cerca sanitária em Ovar; veio a calma do verão; seguiu-se um agravamento fortíssimo em Novembro; veio a tolerância do Natal (“Salvar o Natal” era a expressão) e vieram os números inimagináveis de mais de 16 mil infetados e mais de 300 mortos num só dia. Vieram 12 decretos de estado de emergência e, no dia em que este jornal vaio para as bancas, é decretado o 13º estado de emergência.
Ao longo de todo este percurso, os serviços técnicos de saúde, em particular a Direção Geral de Saúde, não conseguiram captar a confiança dos portugueses. A mesma Diretora Geral que agora apela ao uso de máscara tinha dito que ela era desnecessária ou até perigosa. Essa contradição minou definitivamente a confiança dos portugueses na Direção Geral de Saúde.
Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3834 de O Re­gi­onal, pu­bli­cada em 11 de março de 2021.

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