Não sei bem o que a comunicação social (Mass-média) anda a fazer com os conteúdos que transmite diariamente na TV, em parceria com as redes sociais .
Não sei se será uma tentativa de estupidificação das massas que assistem, pois as mesmas até acabam por as propagandear nas conversas entre amigos e família. Depois percebem que tiveram uma conversa totalmente oca, fruto do que têm absorvido diariamente.
Admiro ainda em tantos debates, múltiplos advogados e juristas tão esclarecidos em tantas matérias, a fazerem o papel de comentadores (e também agora militares); parece que estão sedentos de “palco” ou de novos contratos de serviços com criminosos de colarinho branco. A esses tenho compreensão, pois no fundo são Sofistas dos tempos modernos e dadas às suas longas férias judiciais precisam de ter alternativas para ocupar o tempo.
As chamadas notícias são rápidas intermediadas normalmente com pivot feminino,do tipo modelo, eloquentes e interventivas, mas o resultado é quase sempre superficial e acaba numa comovente falta de rigor e falsidade das questões abordadas. Não existe objectividade isenta (salvo raras excepções) em tema algum pois entendem que não há tempo para isso. Os segundos estão contados e os pivots interrompem quem quiser apresentar um raciocínio mais consistente e prolongado.
Às vezes sinto que assisto na TV ao enredo do livro “1984" de George Orwell aonde tudo o que se transmitia visava a manipulação das mentalidades em prol de um propósito horrível do tipo Estalinista. Hoje a manipulação visa afinal o quê? O anti-americanismo bem caracterizado no livro “A obsessão antiamericana“ de Jean-François Revel (autor entrevistado por Carlos Pinto Coelho) é plenamente um assunto trivial. Depois o feminismo absurdo a que se assiste.
Por fim os canais de TV perdem-se em miudezas típicas do antigo pasquim “Jornal do Crime" que trouxe a lume o escândalo de Tomás Taveira. Teve imensas vendas aliás na época. Será isso o que se pretende? Podiam repescar Tomás Taveira para aferir a audiência ….
É notório que o pequeno escândalo por mais ridículo que seja, será a manchete do dia e abertura de telejornal . Que pequenez esta! Faz falta Castel – Branco e a sua cambaleante americana; talvez estes fossem mais educativos.
Carlos Pinto Coelho (1944 – 2010), jornalista, pivot, e autor de vários programas na RTP dizia nos anos 90 que nos Massmedia se caminhava para o avacalhamento da televisão (o termo era dele). Afinal parece que dizia a verdade pois assiste-se diariamente a todos os sintomas duma espécie de BSE televisiva (doença das vacas loucas) que tanto preocupou a Europa em tempos idos.
À mistura, imensos canais e sub-canais vendem futebol com comentadores em simultâneo, parecidos com os "irmãos metralha" da banda desenhada. Aliás estes também idênticos aos da bancada do “Chega” no Parlamento.
Na nossa televisão não existe um único programa em horário “prime” sobre cultura: teatro, ballet, arte diversa como pintura, arquitetura ou escultura entre tantas outras. Nada! Somente "Câmara Clara" em horário de pouca audiência, revela algum substrato cultural de Portugal.
Seriam muito mais temas que poderiam educar e esclarecer um povo. Ou somente mostrar o património português; o que se fez e o que se poderia recuperar. Desse modo revelar o que tanto falta fazer por esse país imenso e serem apresentados conteúdos com análise isenta de ideologia que por vezes surge em breves minutos em horários que ninguém vê. Porque afinal são matérias que podem motivar todo um país na direcção do seu desenvolvimento cultural, que é a base de tudo.
Em matéria de DESPORTO tudo se resume ao futebol e às vigarices que lhe estão subjacentes.
Nada se transmite sobre atletismo (que saudades de Mário Moniz Pereira (1921 -2016) ou de outras modalidades das quais os portugueses dão cartas como râguebi, basquetebol, judo, hóquei em patins, vela, etc, etc,
Grandes valores da cultura portuguesa têm também sido esquecidos como imensos escritores e intelectuais. Recentemente parece que o importante foi a faustosa cerimónia com a transladação de Eça de Queirós da qual ele se deve ter rido aonde quer que esteja .
Não se abordam artistas como Almada Negreiros, Bordalo Pinheiro, José Malhoa, Henrique Pousão, Vieira da Silva, Cutileiro, e todos os movimentos artísticos portugueses que estiveram em paralelo com Picasso, no seu cubismo nada disso se divulga em tempo oportuno.
Depois temos a ARQUITETURA da qual gosto de apreciar; os nossos autarcas aprenderam dois nomes: Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura. Estão sempre ansiosos por trazer obra destes para as suas freguesias para assim obter votos mais fáceis mas que no fundo são fruto da sua própria ignorância cultural e infelizmente a do povo nessa matéria. Normalmente não entendem nada de urbanismo ou de arquitetura. Têm imagens na cabeça. Lembram-se do Pritzker e pronto, aí está !
Pagam-se milhões de euros para tais empreitadas acontecerem mas isso pouco importa. O tempo diluirá essas despesas que saem do contribuinte e o povo esquece com rapidez. Aqui a nossa televisão também gosta rapidamente de criar “novelinhas” sobre paragens de autocarro na Av. Marechal Gomes da Gosta, no Porto. (Grande Entrevista com Álvaro Siza).
Portanto a nossa TV resume-se à mediocridade e ao tal avacalhamento de que Carlos Pinto Coelho falava e uma só coisa posso aconselhar face a tal panorama:
– POR FAVOR DESLIGUEM AS TELEVISÕES! FAÇAM um APAGÃO !
Para acabar com a histeria das “audiências” entre canais iguais entre si e cortar com a estupidificação. Talvez estes burocratas ou tecnocratas ou coisa que o valha, acordem…
E leiam livros, muitos e diferentes livros em conjunto com as vossas mulheres ou com os vossos filhos.
Porque senão, daqui a nada nem uma frase eles (filhos) saberão construir, num diálogo simples, com tanta digitalização, imagem inócua, inteligência dita artificial, que absorvem nos seus cérebros diariamente.