Opinião O amor não é um drama - Constrange?…Não é Amor! Publicado há 2 anosMónica Assis Rodrigues2 anos atrás • Favoritos: 24 Sentei-me na esplanada e como de costume, depois do “bom dia”, pedi ao empregado um café cheio. Na mesa ao lado, duas mulheres bebericavam o seu café enquanto falavam da vida. É o que costumamos fazer quando temos companhia para o café… Não tendo eu companhia para o momento, saboreava em silêncio os últimos “cartuchos” do verão. Mas enquanto esperava que me servissem, não pude deixar de ouvir aquilo que elas diziam: “…mas , ele tem ciúmes de tudo, mãe! Agora não quer que eu vá para o ginásio. Ontem discutimos porque ele rasgou o meu vestido vermelho, só porque não queria que eu o usasse no aniversário da Mariana”. “Oh filha deixa lá isso, já sabes como são os homens, não o aborreças. Fazes o que ele quer e o problema fica resolvido, tu bem sabes que se ele tem essas crises de ciúmes é porque gosta mesmo de ti. Antes isso do que deixar-te” Frente a frente uma mulher chorosa, visivelmente contrariada, e a sua mãe embevecida, orgulhosa da “paixão incendiária” que a sua filha despertava no genro. Parece um discurso do século passado, mas ouvi-o há poucos dias, proferido por uma mãe que orientava a filha a encolher-se para poder caber no funcionamento desajustado e abusivo do marido. É preciso acabar com esta narrativa falaciosa de que o casamento legitima a limitação e a privação da liberdade dos cônjuges. Ninguém tem a liberdade de “mandar” em ninguém e ninguém tem o dever de ser “mandado”. A mãe que estimula a filha a “normalizar” o abuso emocional, está convencida de que ela não tem outra alternativa senão sujeitar-se e anular-se, ante os caprichos do marido. E é desta forma que o machismo continua a ser perpetrado por mulheres, ironicamente, aquelas que mais sofrem, vítimas de uma sociedade machista. Aprendemos (erradamente) desde a infância, que o ciúme é um sinal de amor, e em virtude de tal aprendizagem, não raras vezes, permitimos da parte outro, comportamentos constrangedores, ofensivos e manipulativos. Muitas vezes a pessoa sente que o tal “amor” é egoísta e cruel, não é bom nem faz bem, mas ainda assim ela deixa-se ficar, grata a Deus e ao universo, por ter alguém que a ame… afinal ela aprendeu que o CIÚME É SINAL DE AMOR! Lamentavelmente ou não, o ciúme não constitui um sinal de amor, mas sim um sinal inequívoco de insegurança. Sentimos ciúme não porque amamos excessivamente alguém, mas sim porque, não acreditamos ser bons o suficiente para manter esse alguém interessada em nós. É portanto a nossa falta de noção de valor, que nos faz sentir inseguros em relação ao outro. Amor é o desenvolvimento natural da admiração e respeito. A crise de ciúme, a ofensa e o constrangimento, estão nas antípodas da admiração e do respeito. ….NÃO É AMOR, É SÓ INSEGURANÇA! 24 Recomendações0 partilhasPartilharTweetMarcarCopiar linkE-mailImprimir