Opinião

O amor não é um drama - Constrange?…Não é Amor!

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Sentei-me na esplanada e como de costume, depois do “bom dia”, pedi ao empregado um café cheio.
Na mesa ao lado, duas mulheres bebericavam o seu café enquanto falavam da vida.
É o que costumamos fazer quando temos companhia para o café…
Não tendo eu companhia para o momento, saboreava em silêncio os últimos “cartuchos” do verão.
Mas enquanto esperava que me servissem, não pude deixar de ouvir aquilo que elas diziam: “…mas , ele tem ciúmes de tudo, mãe!
Agora não quer que eu vá para o ginásio.
Ontem discutimos porque ele rasgou o meu vestido vermelho, só porque não queria que eu o usasse no aniversário da Mariana”.
“Oh filha deixa lá isso, já sabes como são os homens, não o aborreças.
Fazes o que ele quer e o problema fica resolvido, tu bem sabes que se ele tem essas crises de ciúmes é porque gosta mesmo de ti. Antes isso do que deixar-te”
Frente a frente uma mulher chorosa, visivelmente contrariada, e a sua mãe embevecida, orgulhosa  da “paixão incendiária” que a sua filha despertava no genro.
Parece um discurso do século passado, mas ouvi-o há poucos dias, proferido por uma mãe que orientava a filha a encolher-se para poder caber no funcionamento desajustado e abusivo do marido.
É preciso acabar com esta narrativa falaciosa de que o casamento legitima a limitação e a privação da liberdade dos cônjuges.
Ninguém tem a liberdade de “mandar” em ninguém e ninguém tem o dever de ser “mandado”.
A mãe que estimula a filha a “normalizar” o abuso emocional, está convencida de que ela não tem outra alternativa senão sujeitar-se e anular-se, ante os caprichos do marido.
E é desta forma que o machismo continua a ser perpetrado por mulheres, ironicamente, aquelas que mais sofrem, vítimas de uma sociedade machista.
Aprendemos  (erradamente)  desde a infância,  que o ciúme é um sinal de amor, e em virtude de tal aprendizagem, não raras vezes, permitimos da parte outro,  comportamentos constrangedores, ofensivos e manipulativos.
Muitas vezes a  pessoa sente  que o tal “amor” é egoísta e cruel, não é bom nem faz bem, mas ainda assim ela  deixa-se  ficar, grata a Deus e ao universo,  por ter  alguém que a ame… afinal ela aprendeu que o  CIÚME É SINAL DE AMOR!
Lamentavelmente ou não, o ciúme não constitui um sinal de amor, mas sim um sinal inequívoco de insegurança.
Sentimos ciúme não porque amamos excessivamente alguém, mas sim porque, não acreditamos ser bons o suficiente para manter esse alguém interessada em nós.
É portanto a  nossa falta de noção de valor, que nos  faz sentir inseguros  em relação ao outro.
Amor é o desenvolvimento natural da admiração e respeito.
A crise de ciúme, a ofensa e o constrangimento, estão nas antípodas da admiração e do respeito.

….NÃO É AMOR, É SÓ INSEGURANÇA!

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