Opinião

Novo Conceito: “Inauguração da Requalificação”

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Com alguma estupefação, tenho-me deparado com um novo conceito que surgiu por estes dias na nossa cidade que corresponde a sucessivos momentos de “Inauguração da Requalificação”. Antigamente, estávamos habituados a ouvir falar de inauguração, como o seu próprio significado indica, quando se assinala o primeiro momento ou estado inicial de algo ou até o princípio do seu funcionamento. Ora quando se requalifica algo, promove-se uma intervenção para alterar ou melhorar algo que já existe, tendo, maior parte das vezes, já sido inaugurado aquando do seu início de funcionamento. Coloca-se então a questão: Fará sentido inaugurar a requalificação de algo?
Obras de requalificação dos espaços ou equipamentos só são necessárias quando se ignora a manutenção dos mesmos e se deixa as instalações se degradarem ao longo do tempo. Só há requalificação quando se descuida a manutenção. Normalmente, a manutenção implica custos mais reduzidos e a minimização da duração dos constrangimentos causados à normal utilização dos espaços pelos munícipes, enquanto as obras de requalificação são mais dispendiosas podendo até carecer de financiamento através de fundos europeus, tornando-as obras mais prolongadas no tempo.
Tomando os dois momentos de “Inauguração de Requalificação” que ocorreram na Rua Poder Local e no Espaço Recreativo 16 de Maio é, por demais evidente, que a obra incidiu sobretudo sobre a instalação de equipamentos infantis mais inclusivos, porém os espaços pouca ou nenhuma intervenção sofreram. O Espaço Recreativo 16 de Maio, após mais de um ano e meio encerrado aos munícipes, no dia da “Inauguração da Requalificação”, ainda apresenta equipamentos desportivos e respetivas placas de funcionamento degradados, os espaços ajardinados envolventes continuavam mal cuidados, no entanto, a placa de inauguração foi descerrada e já está no local. Conclui-se que a placa está presente, todavia os equipamentos que de facto impactam a vida dos Sanjoanenses ainda estão por substituir.
Os projetos, o seu financiamento e a respetiva execução dos mesmos devem ser geridos de forma a encontrar a melhor solução, quer em termos de utilização por parte dos cidadãos, quer em termos financeiros. Além disso, o seu prazo de execução também deve estar em cima da mesa na hora de avançar com um novo projeto. A cidade continua com muitos projetos no papel mas pouca obra executada. O aparecimento deste novo conceito de “Inauguração da Requalificação” na cidade é a prova viva disso. No final do dia, o que tem impacto na vida das pessoas são as instalações e os equipamentos existentes e não o dia e a placa da sua inauguração.

Vice-coordenador IL São João da Madeira
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