Opinião

Notas breves

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1 – Sempre os mesmos a pagar!
Foi criado, a nível nacional, um movimento cívico designado “Sempre os mesmos a pagar”.
No último sábado, promoveu protestos em mais de 20 cidades, entre elas a nossa, para reclamar contra a carestia de vida. Oxalá o movimento cresça e contribua para que o Governo corrija o rumo político.
Esta carestia, para os responsáveis governamentais, tem diversas justificações que vão variando no tempo: «foi» por causa do COVID-19; «é» por causa da guerra entre a Ucrânia e a Rússia e «será» por causa da China. Desculpas difíceis de acreditar, não comprovadas pelas ciências sociais e, muito menos, pelas ciências exactas, mas nas crises, há uma regra, facilmente verificada, basta usar a memória, para concluir que são sempre os mesmos a pagar e os mesmos a lucrar. Esta crise confirma a regra.
Enquanto o sector bancário (inclusive o banco do Estado), as empresas da grande distribuição (Pingo Doce, Continente e os outros), as empresas da Energia e algumas grandes empresas, atingem lucros recorde, os cidadãos, as famílias e as pequenas e médias empresas, têm a vida cada vez mais difícil. Assistimos aos recados de Marcelo para Costa e vice-versa, mas palavras, leva-as o vento.

2 - Banqueiro diz, Governo faz!
De repente, após reclamações de responsáveis da banca, foi suspensa a emissão de Certificados de Aforro Série E.
Os bancos em Portugal, remuneram menos os depósitos a prazo do que os congéneres de toda a zona Euro e são os que mais lucram com o aumento de juros do BCE. Isto tem motivado quem tem pequenas poupanças, a substituir depósitos a prazo (dinheiro nos bancos) por Certificados de Aforro (dinheiro na posse do Estado), por serem melhor remunerados e terem melhor garantia. Esta situação, tem beneficiado a economia nacional por promover a poupança e diminuir a necessidade do Estado se financiar no estrangeiro, mas todos sabemos que isto não agrada aos banqueiros.
Neste contexto, é muito estranho que um governo, de maioria absoluta socialista, após a reclamação de um responsável da banca contra os certificados de aforro, venha, quase de seguida, fazer o que o banqueiro reclamou. Será que a mudança dos certificados de aforro, da série E, para a nova série, com remuneração mais baixa, foi por causa da pressão dos banqueiros? Fica uma pergunta sobre um tema, esperamos que seja bem escrutinado.

3 – Não prolonguem o mandato da CPI da TAP!
Não faz sentido, prolongar a Comissão Parlamentar de Inquérito da TAP, porque os temas que justificaram a resolução da Assembleia da República que a criou, estão, no fundamental, apurados.
A comissão criada pela resolução da Assembleia da República n.º 7/2023, de 3 de Fevereiro de 2023, já apurou os factos substanciais que a referida resolução impunha. A indemnização paga a Alexandra Reis foi considerada ilegal e aquela gestora devolveu o valor que a lei obrigou. Quem mandou pagar a indemnização foi demitido e quem a autorizou demitiu-se, há mais de cinco meses.
Para além disto, a comissão permitiu retirar importantes conclusões sobre a apressada e atabalhoada privatização de 2015, realizada por um governo acabado de cair na Assembleia da República, sem legitimidade democrática para o fazer. A CPI, permitiu comprovar que o amigo americano, David Neeleman, comprou a TAP com o dinheiro da própria TAP, sem arriscar um cêntimo e que só retirou vantagens económicas para si e para as outras suas empresas concorrentes daquela. Depois veio a pandemia e ele deixou a companhia aérea arruinada. Como se tudo ainda fosse pouco, o american friend teve um prémio do Governo Português de 55 milhões de euros para sair.
Agora o que importa saber, é o que se vai fazer com a empresa. O debate deve ser amplo. Da nossa parte há o desejo: que os postos de trabalho sejam assegurados; que o interesse das comunidades portuguesas insulares e no estrangeiro não sejam postas em causa; que as mais de mil empresas portuguesas que trabalham com a TAP sejam defendidas e que o turismo nacional tenha na mesma um sério um aliado. Esperamos, por isso, que o Estado mantenha o seu controle.

O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico

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