Opinião

Nem tudo o que reluz é Ouro

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O Ex-Primeiro Ministro José Sócrates fazia o discurso da ética republicana e socialista, mas afinal vivia dependurado num amigo (na versão benigna do próprio José Sócrates), o que lhe permitia fazer uma vida de luxo.
Ricardo Salgado ostentava a sua riqueza e o seu poder à frente dum grupo financeiro e empresarial com grandes pergaminhos, mas afinal o grupo económico que dirigia estava falido e arrastou à falência centenas de aforradores que foram vítimas do encantamento e do fascínio gerado pelo dono disto tudo.
Luís Filipe Vieira orgulhava-se de trabalhar no Benfica sem qualquer remuneração, mas afinal recebia avultadas comissões e outras vantagens pelos negócios realizados em nome do Benfica.
O que têm em comum estas três histórias? Em todos os casos veio a demonstrar-se que a realidade era afinal bem diferente da imagem projetada. Parecia uma coisa e, afinal, era outra. Quando a verdade veio ao de cima, todos nós perguntamos como foi possível terem-nos enganado durante tantos anos; como foi possível sustentar um embuste durante tanto tempo e diante de tanta gente? A aparência era uma, mas a realidade era outra bem diferente.

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Vem isto a propósito do último debate do estado da nação. O que o Governo apresentou foi a imagem de um país a crescer, com muito dinheiro para gastar e o investimento a acelerar. Mas a realidade é bem diferente. Vou referir apenas números e factos:
1º- Desde que António Costa está no poder, Portugal já foi ultrapassado por 3 países europeus: Lituânia, Estónia e Eslováquia. E a Polónia está a caminho de nos ultrapassar. Da zona Euro, apenas a Grécia e a Letónia estão atrás de Portugal. Em 2015 tínhamos 5 países atrás de Portugal e agora temos 2. Isto não são opiniões; são factos traduzidos nas estatísticas europeias e que são consequência do baixo crescimento da economia portuguesa. O discurso de que estamos a crescer acima da média europeia esconde a realidade de que estamos a ser ultrapassados pelos países que eram mais pobres e agora são mais ricos do que nós.
2º- António Costa apresenta os fundos europeus como grande fator de esperança no futuro de Portugal. Com todo este dinheiro, agora é que vai ser! Mas olhando para os factos e os números oficiais, verifica-se que Portugal tem vindo a afastar-se da média europeia, apesar dos fundos europeus. Entre 2000 e 2019 Portugal recebeu cerca de 60.000 milhões de euros da União Europeia. E, no entanto, afastou-se quase 5 pontos percentuais da média europeia naquele período. O anúncio de novos fundos europeus cria a ilusão de que vamos ficar mais ricos, mas os números demonstram que não tem sido assim. Não basta atirar dinheiro para cima dos problemas. O dinheiro só é útil se for bem aplicado e se for acompanhado das reformas certas que nos façam dispensar as ajudas europeias no futuro. Daqui a alguns anos virá a concluir-se que António Costa fez os Portugueses acreditar que estávamos no bom caminho e, afinal, Portugal estava a ser ultrapassado pelos outros países europeus.
É preciso ressalvar que há grandes diferenças entre as motivações de José Sócrates, Ricardo Salgado ou Luís Filipe Vieira, por um lado, e António Costa, por outro. Considero António Costa incapaz de se aproveitar do cargo de Primeiro Ministro para enriquecer. O que têm de comum é a capacidade de criar ilusões, apresentar narrativas imaginárias que se vem a provar não ter sustentação na realidade. Todos eles construíram grandes ficções, realidades virtuais com pés de barro.
Afinal, nem tudo o que reluz é ouro.

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