Na Praça o seu a seu dono

Como tantos outros munícipes, também eu fiquei perplexo com o anúncio da intenção da Câmara Municipal erigir um monumento a Humberto Delgado. E na Praça!
Sem pôr em causa o valor patriótico do “General Sem Medo”, é discutível a oportunidade da homenagem e, sobretudo, por, embora tratando-se de um vulto nacional, não ter tido qualquer ligação a S. João da Madeira. Apenas, uma curiosa referência: quando candidato à presidência da República, em S. João da Madeira obteve mais votos que Américo Tomaz.
Erigir uma estátua na Praça? Jorge Sequeira, na senda de anteriores presidentes, já obrou substancialmente na Praça. Comparável ao que obrou, no mesmo sítio, Manuel Cambra. A Praça, não é local adequado para Humberto Delgado.
Na Praça de Luís Ribeiro, o seu a seu dono.
Se ainda tem tanta vontade, o actual presidente do município pode deixar marca na Praça, desta feita positiva, erguendo monumento à dimensão da enorme grandeza de Francisco José Luís Ribeiro. Emigrado na Argentina, regressado, doou todos os seus bens, todos, para a construção de um hospital na sua aldeia (S. João da Madeira). Já antes, Luís Ribeiro, dera largas à sua intenção de bem-fazer, como por exemplo, engrandecendo a igreja Matriz com um rico altar de talha dourada, assim como era permanente a sua devoção de minorar o sofrimento dos humildes.
Mantenha-se na Santa Casa da Misericórdia o busto do notável Luís Ribeiro e instale-se digno monumento da mesma figura na sua Praça, no triângulo relvado e arborizado, em frente ao Novo Banco. A Praça de Luís Ribeiro pede escultura ao nível de Francisco José Luís Ribeiro e do seu extraordinário legado.
Quer a Câmara Municipal gastar 30.000 € com monumento a Humberto Delgado. S. João da Madeira tem diversos locais para a sua implantação. Na Mourisca, na rotunda do Relógio de Sol; numa das pracetas de Fundo de Vila; mais central, na rotunda da confluência da R. Guerra Junqueiro com a R. Frederico Ulrich; em local nobre, na entrada sul da cidade, na Av. do Vale, junto à ponte, naquele espaço desafogado relvado, frente aos edifícios Mussulo e Cabral. Ou, ainda, na nova rotunda projectada a sul da Ponte.
Ponderar é preciso. Por inapropriados os sítios, os serviços da Câmara já tiveram que mudar de local a estátua de João Paulo II, mais a do Sapateiro e ainda a dos Chapeleiros. Não se repitam mais erros na Praça, ainda na memória de todos os munícipes. E quanto a monumento (na Praça) e sua reclamada desconstrução, louve-se a decisão de Ricardo Figueiredo. Lembre-se.