Opinião

Mudar de Rumo

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Portugal está mergulhado numa crise política e institucional que não era suposto acontecer, após as eleições terem dado a maioria absoluta ao PS, há menos de dois anos.
A vida demonstrou que a maioria absoluta não é sinónimo de estabilidade. A decisão do Presidente da República, no final de 2021, de convocar eleições antecipadas, após muita encenação junto dos grandes meios de comunicação social, enfraqueceu a democracia, piorou a transparência e não contribuiu para a melhoria de vida da generalidade da população.
Cedo se verificou que os problemas que tinham uma forte influência nas condições de vida dos cidadãos se avolumaram. A expectativa do governo se empenhar na subida dos salários e pensões, ficou largamente aquém do que muitos sonhavam. A necessidade de acabar com a precariedade no emprego, foi varrida para debaixo do tapete. Degradou-se o Serviço Nacional de Saúde e a Escola Pública. Ignorou-se a necessidade controlar os preços dos produtos alimentares, da habitação, da energia eléctrica e dos combustíveis.
A CDU nunca se cansou de lutar. Tentou influenciar o PS para a resolução de imensos problemas sociais. Relembro alguns como:
- mais de 2 milhões de pessoas em risco de pobreza;
- em 2020, mais de 1 milhão e 365 mil reformados recebiam uma reforma inferior a 438, 81 € e, destes, cerca de 265 mil recebiam menos de 275,29 €;
- em 4 anos os sem abrigo aumentaram 78 %, - muitos estão empregados;
- 6 em cada 10 famílias têm dificuldades de pagar a casa;
- somos o terceiro país da UE com maior peso de trabalhadores precários;
- 42 % da riqueza está na posse de 5 % da população.
- 11 milhões de euros foram os lucros diários da banca no primeiro semestre deste ano.
Os portugueses, para além das dificuldades económicas, sentem a degradação das instituições causada pelos falsos amigos de António Costa. Os “casos e casinhos” foram mensais e corrosivos para o Governo. Por outro lado, o Presidente da República na vez de contribuir para a estabilidade, frequentemente descalçou os sapatos de Presidente e calçou os de comentador Prof. Marcelo.
Há dois anos, o Presidente da República fez cair a Assembleia, pelo facto de o Orçamento de Estado para 2022 ter sido reprovado. Marcelo não usou a sua “magistratura de influência” para promover entendimentos. Seguiu-se um período conturbado de campanha eleitoral e só em 27 de Maio de 2022 é que a Assembleia da República aprovou o Orçamento de Estado para 2022, ou seja, a meio do ano, mas menos de dois anos depois, Marcelo voltou a dissolver o Parlamento e mudou de táctica exigindo que se aprove, previamente, o Orçamento para 2024. É muito estranho, vermos uma maioria a aprovar um orçamento para que outra o execute.
O Parlamento discutiu, a semana passada, o Orçamento de Estado para 2024. É um Orçamento que o PCP considera mau, mas isso não impediu o Grupo Parlamentar de apresentar 488 propostas de alteração. O PS, muito diferente do que era em 2015, mostrou-se indisponível para a aceitar a generalidade das alterações que propunham medidas importantes para os cidadãos:
- de combate ao aumento de custo de vida;
- de reforço dos direitos sociais;
- de defesa do direito à habitação;
- de apoio à cultura;
- de apoio à produção nacional;
- de apoio à infância e à terceira idade;
- de defesa da mobilidade;
- e de promoção da justiça fiscal.
O País está de rastos, o argumento das “contas certas” não apaga o sentimento negativo que a população sente do sistema político. As portas foram abertas ao populismo liberal de extrema direita.
Os mesmos de sempre, devem preparar-se para lutar e resistir. Vêm aí tempos difíceis!

À margem de tudo
No momento de enviar o texto acima para a Redacção de O Regional, fui informado que a Comissão Técnica Independente para a localização do novo aeroporto de Lisboa, concluiu que Alcochete é a localização que tem a melhor classificação de todas as soluções estudadas. Não fiquei admirado, mas logo me lembrei dos ataques que no passado, “socialistas” e “social-democratas”, fizeram ao PCP, ao PEV e aos autarcas da CDU da margem sul do Tejo, por defenderem a solução Alcochete. Daqui lanço um apelo aos atacados, meus companheiros, para que perdoem quem os atacou. Eles não sabiam o que diziam!

O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico.
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