Sempre aos meus alunos incuti que o cumprimento da palavra dada era o princípio que mais concorria para considerar a honestidade do Homem.
É que, naquele tempo, considerava-se que professor era também educador.
Não sei se ainda é assim…
E apontava-lhes como exemplos que ficavam na História de Portugal e que, como Portugueses nos orgulham.
E logo no princípio da nacionalidade aparece-nos um vulto, cujo gesto atingiu uma grandiosidade jamais alcançada.
Egas Moniz, preceptor de D. Afonso Henriques, porque o seu rei não cumpriu a palavra dada.
Levou a mulher e os filhos de baraço ao pescoço, para que o Rei fizesse deles o que quisesse.
A princípio furioso, o Rei de Castela desembainha a sua espada, mas esta envergonhada, volta a ser embainhada, enquanto o Rei, estupefato com a coragem de Egas Moniz elogiou o seu gesto e mandou-o em paz.
D. João de Castro, para refazer a muralha, pediu dinheiro à Câmara de Goa como penhor mandou à Câmara de Goa as suas próprias barbas.
Escusado será dizer que elas foram devolvidas porque era proverbial a honestidade de D. João de Castro.
E pelas nossas aldeias fora são tantos os exemplos de quem zelava um negócio com um simples aperto de mão.
A que propósito vem aqui este arrazoado?
Estamos num tempo muito diferente de há anos atrás.
A honestidade deixou de ser virtude praticada e, todos os dias, somos bombardeados com notícias que deixam Portugal pelas ruas da amargura.
Meu Deus, põe mão nisto.