O mês chegou ao fim. O tempo de férias é suposto ser de lazer, mas não foi para a muitos dos portugueses. É um luxo que não podem ter. As dificuldades para quem vive de pensões ou de salários continuam. Não há alívios – fiscais, salariais ou outros - que contribuam para melhorar a vida. Os jovens conseguem emigrar. Seguem o conselho de um ex-primeiro ministro, embora não tenham a certeza do que os espera.
Mais triste foi ainda o mês de Agosto de outros povos. Paira no mundo o espectro da guerra, lembrando outros meses de Agosto da História.
A 5 de Agosto de 1943, aconteceu o dia mais negro da luta contra o fascismo em S. João da Madeira. A greve dos trabalhadores do calçado, parou milhares por cá e por algumas localidades vizinhas. Muitos foram presos pela repressão salazarista. Lutaram por melhores salários, melhores condições de trabalho e por mais alimentos. Alimentos que na altura, em plena Segunda Guerra Mundial, estavam racionados. Salazar pouco se importou que o povo estivesse subnutrido. As chamadas sobras de Portugal, eram para abastecer o exército de Hitler, um ídolo do nosso ditador (e com quem trocou presentes). À custa da Segunda Guerra Mundial, alguns apoiantes da ditadura enriqueceram. Confirmou-se aquela máxima que diz que «a guerra é uma caixa de oportunidades para alguns».
A 6 e a 9 de Agosto de 1945, três meses depois de acabada a guerra na Europa, num momento em que o Japão claudicava, os EUA – incompreensivelmente - bombardearam, com bombas atómicas duas cidades Japonesas - Hiroshima e Nagasaki. Morreram imediatamente, em consequência das explosões, centenas de milhares de pessoas, a esmagadora maioria civis. Muitas mais morreram mais tarde, devido a doenças que a radioactividade provocou. Foi um crime hediondo. Os seus responsáveis nunca foram julgados. O senhor Truman, democrata, presidente dos EUA e primeiro responsável pelo acto, passou incólume apesar da barbaridade que ordenou. Hiroshima e Nagasaki fazem-nos pensar na importância da luta pela Paz.
A propósito destas datas, lembramos que é urgente exigirmos aos governantes de todo o mundo, que as guerras que nos afligem como a Ucrânia, a Palestina, o Sahel, a Síria, o Saara Ocidental e outras sejam terminadas.
É tempo de os conflitos serem tratados pela diplomacia. Fornecer milhões de euros em armas a beligerantes, beneficia a indústria de armamento, mas não contribui para a Paz.
E voltamos assim ao assunto inicial. Se as verbas que hoje se destinam à guerra fossem aplicadas na resolução dos problemas das populações, teríamos melhor saúde, melhor educação, menos pobreza, melhores salários e pensões. E em Paz. Talvez assim, os portugueses, e todos os povos do mundo, pudessem também usufruir condignamente das suas férias, e passar um mês de Agosto mais feliz.
O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico