Opinião

Memórias que é bom recordar!...

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Soube, há dias, através de um canal brasileiro, de um episódio que me fez voltar a recordar a segunda guerra mundial...
Tinha seis anos, quando ela terminou. Lembro-me muito bem de ver 5 aviões pretos a sulcar os céus da minha terra e fiquei com muito medo. O meu pai era assinante de um jornal que se chamava “O Comércio do Porto” e explicou-me o que se estava a passar: O mundo estava em guerra. As potências do eixo : Alemanha, Itália e Japão contra as potências aliadas. Portugal não tinha entrado nessa guerra, mas as dificuldades eram muitas.
E dizia-me:
-Filhinha, sabes aqueles papéis que a mãe recebe, quando vai à loja? São senhas de racionamento!...
Paizinho, o que são essas senhas?...
E então explicou-me:
- Esse papel diz o que só se pode levar da loja!...
- E a mãe não pode levar o que precisa?...
- Não!...
- Mesmo com dinheiro, só se pode comprar o que diz esse papel, muito pouca quantidade de alimentos. Era mesmo o mínimo!...
O meu pai fornecia madeira para fazer palha para embalar o vidro, para a fábrica do Centro Vidreiro, já extinta, em Oliveira de Azeméis. Nessa altura, ajudou muita gente da minha terra, dando–lhe trabalho a preparar a madeira. Dava dinheiro todas as semanas aos ladrões, para matarem a fome aos filhos e comprava artigos aos ciganos e nunca foi assaltado, pois já era conhecido de todos.
Sofreu um atentado político no tempo de Salazar, ficando às portas da morte, e não denunciou ao regime o agressor, pois a sorte de quem o fez seria, possivelmente, a prisão no Tarrafal. Sabendo o meu pai que sua esposa era deficiente, ainda lhe deu trabalho, como guardador dos nossos matos.
Salazar deixou os aliados utilizarem a base dos Açores e fornecia alimentos às Potências do Eixo. Portugal não foi invadido. Recentemente, o referido canal noticiou um episódio que eu desconhecia. As mulheres portuguesas doaram o ouro que possuíam, para fazer a coroa da Nossa Senhora de Fátima. Não queriam os filhos na guerra e foram poupados. Com esse ouro foi feita a atual coroa da Virgem de Fátima que tem 2992 pedras preciosas e que foi exposta na Igreja de S. Roque em Lisboa, há dias.
Na minha terra e a pedido da Senhora de Fátima, passando nos caminhos, ouvia-se rezar o terço em todas as casas, para que a guerra não nos atingisse. O Papa João Paulo II entregou a bala, com que foi atingido por Ali Agca à Virgem, por ela lhe ter salvo a vida. E o ourives que a tinha adornado com tantas pedras preciosa, começou a pensar onde a poderia meter. Eis que, entretanto, divisou no topo da coroa um orifício, e não é, que nesse orifício, a bala encaixou plenamente, como se ele tivesse sido deixado de propósito para ela.
Meus queridos leitores, estas memórias ajudam-nos a ter esperança no futuro, pois sempre houve tempos difíceis.

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