
Quando ouvimos os políticos a recorrerem ao futebol para nos darem algum exemplo de qualquer coisa é porque eles têm noção de que nós sabemos mais de futebol do que de política. E dessa forma vão-nos tratando como uns totós. Quando ouvimos muita boa gente dizerem-nos que milhares de votos são desperdiçados por causa da nosso sistema eleitoral, é quase a dizer, não se cansem muito porque vai dar sempre ao mesmo, ou seja, aos mesmos, ou ainda melhor, são irrelevantes. Relevante seria que todas as promessas que nos fizeram durante o tempo que foram os artistas principais, de televisões e jornais, fossem cumpridas. Infelizmente, nada disso irá acontecer. Somos ex-combatentes, somos reformados, pensionistas, passamos todos à condição de irrelevantes. Não haverá casas para todos, não haverá médicos para todos. Isso será tudo irrelevante. Os políticos vão continuar a entreter-nos, e, na verdade compara-se a histórias do futebol, são sempre os mesmos a ganhar. Aqui chegados, nós militantes votantes, ficamos a desejar que as promessas sejam cumpridas. Que de repente se fizesse luz, e o povo de que eles tanto falam fosse verdadeiramente relevante. O problema é que daqui a uns tempos, curtos, tudo isto vai começar a ser irrelevante. E nós cá vamos ficando em stand-by, esperando novas eleições. Sempre na esperança, de que ela seja a última a morrer. O tsunami político passou, as promessas, os maldizeres… Tudo com o tempo se vai tornar irrelevante. As lutas dos que ainda se conseguem organizar vão voltar, infelizmente. Para mim, a minha família é a minha fortaleza. Vai continuar a ser a parte mais relevante da minha pessoa. Fico a temer de que a paz não regresse tão cedo. E, que os jovens, que os políticos tanto prometem criar condições para que eles fiquem no nosso país… mas que este ficar não seja para os mobilizar para os enviar para combater. É só um medo, legítimo… Já fui jovem e obrigaram-me a ir combater. E, o que eu temo é que dá-me ideia de que os estamos a deixar regressar ao poder. São, mais uma vez, os meus desabafos, caros amigos. Vamos todos esforçarmo-nos para que relevante seja a amizade e o amor! Nas músicas, bom jazz com Camille Thurman n/Darrel Green Quartet. Nos livros, o eterno Gabriel Garcia Marquez com “Vemo-nos em Agosto”. Bom rescaldo…

