Opinião

Iniciativas bonitas: a inclusão de e para todos

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Às vezes, as coisas mais simples são as mais bonitas.
Não sei se tiveram oportunidade de ver, mas no dia do amor/namorados/afetos (já são tantas as nomenclaturas que uma pessoa já nem sabe o que chamar) estiveram espalhados pelos mupis – painéis urbanos verticais, destinados a conter mapas, publicidade ou outras informações – da cidade imagens dos utentes da CERCI. As imagens que eu tive oportunidade de ver, tinham como acessórios corações que, presumo, devem ter sido feitos pelos utentes da CERCI.
Achei muito bonita esta iniciativa. Aproveitar o dia em que se celebra o amor para relembrar que a inclusão também é um ato de amor (e dos grandes!). Simples, bonita e delicada. É assim que classifico esta iniciativa. Espero que não fiquem por aqui e continuem com estas ideias que surpreendem os cidadãos e arrancam sorrisos aos mais atentos.
A inclusão não é um tema fácil. Há muitas linhas de pensamento de como a inclusão deve ser feita e quais os limites. Será que devemos integrar nas escolas pessoas portadoras de todos os tipos de deficiência? Estamos a integrar uns (pessoas portadoras de deficiência ou incapacidade) e a prejudicar outros (pessoas não portadoras de deficiência ou incapacidades) no tempo de aprendizagem? Há muitas perguntas (seja no ensino ou fora dele) sobre a inclusão e como esta deve ser feita. Há também muitas respostas, com diferentes visões e interpretações. Não me cabe a mim fazer da minha voz a voz da razão, até porque não o é. No entanto, apelo ao bom-senso e ao respeito. Para mim, a resposta está sempre no amor e na empatia. Decerto que não queremos que as nossas escolas sejam apenas sítios de aprendizagem única e exclusivamente de matéria decorada e repassada. A escola deve ser um local de aprendizagens de muitos ramos/categorias da nossa vida: as amizades, a resolução/mediação de conflitos, gestão de sentimentos, brincadeiras, respeito e diversidade. A diversidade aprende-se na escola. Quando uma criança entra no ensino escolar encontra uma multiplicidade de crianças com características diferentes. Saber acolher e respeitar as diferenças de cada um é um dos ensinamentos basilares que temos de dar às nossas crianças. Pois, se soubermos transmitir isto em tenra idade teremos adultos atentos e sensíveis a todo o tipo de diferenças, sejam elas de caráter físico ou mental.
A nossa sociedade não é um espaço reduzido a pessoas com determinadas características. Antes sim, nela incluem-se todos os tipos de cores, feitios, personalidades, crenças e dificuldades. Todos nós, mesmo que não sejamos portadores de nenhuma deficiência, temos algum tipo de dificuldade em, pelo menos, uma área. São as características de cada um que nos fazem seres humanos únicos. A nossa sociedade funciona porque nos unimos nas dificuldades e tentamos colmatar ou apaziguar as suas consequências.
Ser portador de deficiência física ou mental não torna a pessoa menos merecedor de direitos, assim como também não a pode excluir da sociedade e de ter um papel ativo nela. Todas as pessoas são seres que aprendem e ensinam. Por isso, cabe a cada um de nós aproveitar o que o outro tem para oferecer e crescermos juntos.
Em jeito de despedida, apelo a que na cidade surjam e permaneçam atividades/ ações que visam a inclusão para que, um dia, estas já não sejam necessárias.

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