Quem está virado para o quartel da PSP de S. João da Madeira vê, à sua direita, um palacete de linhas direitas, onde, até há alguns anos, funcionou a ACAIS. Hoje, alberga-se ali a Universidade Sénior do Rotary. O palacete, mandado construir por Hernâni Nicolau, na década de 1950, tem um aspeto moderno, a destoar da tradicional arquitetura dos palacetes sanjoanenses. À volta da casa existe um jardim, onde pontificam árvores gigantescas. Do lado nascente, além de uma pereira, de uma ameixoeira e de mais alguns arbustos, existe uma nesga de terra, outrora ajardinada, que foi sendo, progressivamente, invadida por ervas daninhas.
O edifício tem três salas, onde funcionam as aulas das 21 disciplinas ali lecionadas. O que muita gente não sabe é que a casa tem uma cave. Não pensem já em tesouros ou esconderijos. Na cave existe, de facto, um tesouro, mas humano. Ali desenvolvem a sua atividade cerca de catorze voluntários, dos quais, seis trabalham na cozinha, sob o comando da D. Teresinha, enquanto os restantes oito se dedicam ao transporte das quarenta e duas sopas que, diariamente, chegam a casa de outras tantas pessoas carenciadas, nomeadamente idosos isolados: é a Sopa Solidária, projeto do Rotary Club, iniciativa de Susana Silva, já com onze anos de existência.
Se fizermos bem as contas, são cerca de oitocentas e quarenta sopas por mês. Tantas sopas não se fazem com pouca coisa: são necessárias verduras, legumes, raízes, tubérculos, bolbos… frutos. Com a ajuda da Junta de Freguesia, da Câmara e de alunos que doam produtos das suas hortas, vão-se conseguindo encher as marmitas, mas nem sempre é fácil.
Voltemos então à tal nesga de terra. O seu tamanho não dá para cultivar quantidades que encham muitas panelas. Mas o que ali se produzir não precisará de vir de outras hortas. Depois da plantação de chuchus e de algumas curgetes, aproveitou-se o Dia da Terra e a oferta de hortícolas pelo município, para acabar de transformar aquela faixa de terra numa horta. Os nossos hortelãos, o senhor Isidro e o senhor Melo, arrotearam o terreno e desinfestaram-no de ervas. No dia 20 de abril, juntaram-se mais algumas boas vontades e fizeram-se as primeiras plantações: curgetes, alho francês, cebolas, espinafres e promessas de abóboras e de nabos. Também não foi esquecida a parte estética, com hortênsias e azáleas. Os dias que se seguiram à plantação foram contraditórios, alguma chuva e muito calor. Não vai ser fácil manter e desenvolver esta horta, mas o primeiro passo está dado.
Por agora, é a Horta da Esperança!