Opinião

Hortalices -As hortas dos pequeninos

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Há algum tempo que tinha na minha agenda hortícola uma visita às hortas dos mais pequeninos, aos nossos jardins de infância e às nossas escolas básicas. Gostaria até de as visitar todas, mas o ofício de cronista é diferente do de repórter, por isso, visitei apenas duas. Conversas de acaso levaram-me, em primeiro lugar, à Escola Básica/JI Conde Dias Garcia, convidado por uma amiga de longa data, a professora Dulce Resende, que lidera uma equipa de “hortelãs”, de que fazem parte algumas assistentes operacionais.
O espaço exterior é curto e, por isso, bastante cimentado. A solução foi aproveitar todos os recantos onde se pudesse colocar algo de verde. Os recipientes revelam muita criatividade: vasos, floreiras, pneus velhos, ramos de árvore e nesgas da terra. O mais original dos recipientes é um tronco de plátano. Ao que parece, tornou-se incomportável manter a árvore naquele local e tiveram que a cortar. Mas não lhe quiseram deixar morrer a memória, por isso, abriram-lhe o interior, preencheram-no com terra e fizeram sobre ele um canteiro de petúnias, com uma guarda de honra de cravos túnicos. É caso para dizer, “aí está um plátano que floriu petúnias”.
Nos meus percursos diários, passo frequentemente pela Escola Básica/JI de Fundo de Vila, onde permanecem velhas amizades serafínicas. Já tinha vislumbrado, cá de longe, algo que me pareceu uma horta. Entrei, fui recebido por uma comissão de colegas que me “fizeram uma festa” e disse ao que ia. “Como estamos de horta?”
A coordenadora Isabel Pinho conduziu-me ao local e apresentou-me a educadora Aurora que, nem de propósito, apareceu com três lindos morangos na mão, a última colheita da horta dos pequeninos. Depois, foi ela que me apresentou, uma a uma, as suas culturas: além dos morangueiros, várias aromáticas, milho, alfaces já espigadotas, alhos franceses, de tudo um pouco. A horta é pequenina, apesar de não faltar espaço no logradouro da escola. As árvores estão demasiado próximas e algumas ameaçam deixar cair ramos velhos. Mas nada faz desanimar a educadora Aurora, em cujas palavras ouvi um enorme entusiasmo por aquele projeto.
Que hei de eu concluir depois destas duas visitas? Que, nas nossas escolas, há professores, educadores, assistentes e alunos que gostam genuinamente de cuidar de plantas.
Estou certo de que, na Câmara Municipal, também há quem gosta de os ajudar e é isso que esperamos que aconteça. Agora vamos de férias. Mas as aulas recomeçam em setembro…

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