A rua deve ser um espaço seguro, cómodo, humanizado e ecológico. Contudo, a discussão sobre as nossas ruas, continua focada na circulação dos automóveis particulares e, sobretudo, na planura do alcatrão.
Para o bem-estar de todos era bom que o modelo de mobilidade na cidade reduzisse o parâmetro “automóvel particular”. É tempo de se estudar novas soluções que diminuam a utilização destes veículos dentro da malha urbana. Precisamos de novos transportes públicos, de melhorar a comodidade e a segurança dos peões, e de alterar mentalidades.
Voltar à discussão de há 30 anos, onde o binómio separador-rotundas era a “solução-mãe” das nossas ruas e avenidas, é não aprender com os erros. É importante olharmos para experiências bem conseguidas e procurarmos modelar, de modo sustentado, as melhores soluções para a nossa cidade. Sabemos que é mais fácil dizer que fazer, mas é tempo de pensar em mudar.
No tempo das Câmaras do CDS, o PSD fez uma oposição muito radical e agressiva ao Presidente Manuel Cambra. Na década de 1990, quando este Presidente optou por alterar o perfil de várias ruas, de uma faixa de rodagem para duas, construindo separadores centrais, nalguns casos os sociais-democratas opuseram-se com grande agressividade
Lembramo-nos das obras da Rua Afonso de Albuquerque e da Rua D. Afonso Henriques, muito contestadas. E que de facto não melhoraram o trânsito e aumentaram a insegurança. A mobilidade pedonal e a permanência de pessoas naquelas ruas, em especial crianças, foi seriamente prejudicada.
O PSD teve razão nas criticas que fez, mas posteriormente permaneceu 16 anos à frente da autarquia e não corrigiu o malfeito.
A discussão sobre as ruas não se pode limitar à comodidade dos automobilistas, como alguns fazem. Temos que ter em atenção outros factores.
A velocidade dos automóveis é um pormenor importante desta problemática. Mais de 40 Km/h, dentro da cidade, contribui para a insegurança rodoviária e aumenta poluição do ar que respiramos. Nos veículos com motores de combustão, quanto maior for a velocidade maior é a quantidade das substâncias que se libertam pelo escape.
O estacionamento não pode ser coisa menor. É necessário que se construam parques, “sem custos para o utilizador”, dispersas na malha urbana, que motivem os condutores a circular o mínimo possível nas ruas da cidade.
É fundamental ter transportes públicos melhorados. Precisamos de ideias sustentáveis que vão ao encontro de quem cá vive e de quem cá trabalha.
Um aspecto de primordial importância, é a área dos peões. Os peões, precisam de espaço para caminhar e para estar, e não de carreiros estreitos e tortuosos. Melhorar os pavimentos pedonais é uma aposta na qualidade de vida de todos, muito particularmente dos mais velhos.
Nos tempos que correm, não nos podemos esquecer das árvores. As ruas são sítios excelentes para a sua existência, desde que haja espaço, e as espécies sejam adequadas ao local onde são plantadas.
Por fim, se no perfil da rua não couber o separador central, temos pena, mas “há mais vida” para além dele!
O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico