Opinião

Governo Novo. Ciclo Novo?

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Dentro de semanas teremos novo governo. A expectativa é grande. Afinal, não é normal haver uma maioria absoluta. Muito menos desta vez, em que nem os mais directos beneficiários acreditavam nessa hipótese. Formalmente, este novo governo encerra um ciclo e abre um outro. Termina o ciclo da geringonça. Começa um ciclo novo e diferente. Mas será mesmo assim, do ponto de vista estrutural? Só o tempo o dirá. O tempo, os discursos e sobretudo a prática da governação futura.
Politicamente, é necessário que seja um ciclo verdadeiramente novo. Com um governo mais ao centro, sem os bloqueios dos seus anteriores parceiros, sem a contaminação política da extrema-esquerda, sem os preconceitos obsoletos de uma esquerda radical que sabe protestar mas não sabe governar. Economicamente, é decisivo que seja um ciclo estruturalmente novo. Precisamos de crescer e ser mais competitivos. Precisamos de crescer para sair da cauda da Europa. Precisamos de crescer para ter melhores salários. É que só crescendo mais evitamos a emigração dos jovens talentos que saem do país à procura de melhor projecto de vida. Socialmente, é essencial que seja um ciclo realmente novo. Essencial para estancar a degradação do Serviço Nacional de Saúde, aquela que é, a seguir à liberdade, a maior conquista do 25 de Abril. Essencial para reforçar a qualidade da educação, aquele que é o grande instrumento para garantir a igualdade de oportunidades e o elevador social. Essencial, acima de tudo, para melhorar a vida dos nossos reformados e pensionistas. Enquanto sociedade, temos de saber encontrar forma de garantir pensões mais elevadas para a generalidade dos nossos idosos. Os valores existentes não são justos. Até por uma razão especial: um jovem sem um bom salário cá dentro pode emigrar à procura de uma melhor oportunidade lá fora. Um pensionista ou reformado, ao contrário, indignado com a sua pensão, não pode ambicionar mudar de país em busca de melhores dias. Esta dualidade de comportamentos leva-nos a uma evidência: temos de dar futuro aos nossos jovens, mas sem deixar de garantir presente aos nossos idosos.
É este novo ciclo que precisamos de construir. Nas políticas, nas medidas e nas soluções. Mas, sobretudo, nas ambições. Temos que ambicionar a qualidade e a excelência. Temos que ambicionar maiores patamares de justiça social. Temos que ambicionar sermos mais modernos e cosmopolitas, mais abertos e tolerantes. Temos que ambicionar ser um país mais rico, uma nação mais justa, uma sociedade mais culta. Nada disto é impossível. Como não foi em vários momentos do nosso passado recente e remoto. Não precisamos de mudar de portugueses. Basta mudar a atitude. Afinal, somos um país pequeno mas não temos de ser um país irrelevante!
PS: O Tribunal Constitucional mandou repetir as eleições da emigração na Europa. Assim, a instalação do Parlamento e a posse do Governo ficam adiadas sine die. O novo ciclo começa mal. Com muita da incompetência do ciclo anterior. Grande bronca!

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